ALEGA REFORMA

Santa Casa de Maceió nega despejo, e médico reforça que há veto a pobres

Entidade diz que instituto despejado nunca atendeu pelo SUS, Wanderley diz que atendia 90%

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Santa Casa de Misericórdia de Maceió (Foto: Divulgação)

Em meio à comoção de pacientes e integrantes da sociedade alagoana, a Santa Casa de Maceió publicou nota, na tarde desta quinta-feira (14), em que nega ter despejado o Instituto de Doenças do Coração (IDC) de suas instalações, como denunciou o cardiologista e ex-vice-governador de Alagoas, José Wanderley Neto. A Santa Casa afirmou ainda que o IDC, nunca atendeu pacientes pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

Diante da nota, o cardiologista José Wanderley Neto afirmou que o SUS foi responsável por 90% das 20 mil cirurgias, 44 transplantes e mais de um milhão de atendimentos realizados pelo Instituto em quatro décadas. E diz que o desmonte do IDC, após o despejo, se tornará evidente em eventuais tentativas de internar um paciente pobre na atual estrutura de atendimento da cardiologia na Santa Casa de Maceió. “Basta ver as enfermarias ociosas e tentar internar um paciente pobre”, disse Wanderley Neto, ao Diário do Poder.

A nota da Santa Casa destaca que o local onde funcionava o IDC entrará em obras de reforma nos próximos dias, “dentro do plano de investimentos previsto para este ano”. Mas não afirma se o imóvel será devolvido, reformado, ao IDC.

O texto assinado por Artur Gomes Neto, diretor técnico Santa Casa, indica a pacientes que consultas de convênios e particulares, “antes atendidas no IDC”, estão sendo realizadas temporariamente em novo complexo na Rua Pedro Monteiro, 275, vizinho à Procuradoria Geral de Maceió.

A nota da Santa Casa firma ainda que as consultas ambulatoriais cardiológicas do SUS são realizadas na Santa Casa Poço e no novo Centro Médico Duílio Marsiglia, ao enfatizar que “nunca foram realizadas no IDC”.

Protesto é antigo

José Wanderley Neto havia relatado oficialmente à Santa Casa o que chama de desmonte paulatino do Instituto de Doenças do Coração pela entidade filantrópica. E atribui a limitação aos atendimentos aos doentes pobres a uma orientação do provedor Humberto Gomes de Mello, para diminuir cirurgias cardiológicas do SUS, coordenadas pelo instituto.

O cardiologista relatou que, há cerca de três anos, o centro cirúrgico da Santa Casa foi fechado para cirurgias que o IDC realizava pelo SUS. E o instituto foi resistindo, mesmo com a determinação para que houvesse apenas uma cirurgia semanal. Há cerca de dois meses, o Instituto foi “convidado” a desocupar as salas onde funcionava, pela Santa Casa.

Mas a nota da Santa Casa nega a redução de cirurgias cardiológicas do SUS “na Santa Casa de Maceió”. E cita dados do DataSUS que registram aumento de 499 para 552 em procedimentos entre 2016 e 2017. “Somente nos quatro primeiros meses de 2018 foram realizadas 181 intervenções, bem acima do realizado no mesmo período em 2017 (160 cirurgias) e em 2016 (130)”.

A nota encerra afirmando que toda a equipe da “Cardiologia da Santa Casa de Maceió”, não do IDC, continua exatamente a mesma, atendendo SUS sem qualquer redução em seus quadros, e com mais sete cirurgiões cardiológicos.

A Santa Casa encerrou a nota dizendo reforçar seu compromisso com os pacientes cardiológicos do SUS assim como de outras especialidades em Alagoas. Veja a nota na íntegra.

A assessoria de imprensa da Santa Casa não respondeu aos contatos do Diário do Poder, que tentou desde esclarecer dúvidas a respeito do fato, desde ontem.

José Wanderley Neto está em trânsito, em viagem a São Paulo, e prometeu respostas à nota da Santa Casa. E o Diário do Poder voltará ao tema.

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