Ficha suja reage

Ronaldo Lessa diz que Justiça é rancorosa e ‘liberou ladrões’ nas eleições de Alagoas

Deputado federal enquadrado na Lei da Ficha Limpa tenta se manter na disputa eleitoral

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Deputado federal Ronaldo Lessa. Foto: Reprodução WhatsApp

Um dia depois de o Tribunal Regional Eleitoral de Alagoas (TRE/AL) rejeitar o registro de sua candidatura à reeleição, o deputado federal Ronaldo Lessa (PDT) confirmou que mantém sua campanha eleitoral e vai recorrer ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para revogar a decisão que o enquadrou na Lei da Ficha Limpa. Na entrevista coletiva concedida na manhã de hoje (18), em um hotel da orla marítima de Maceió, Lessa classificou a Justiça Eleitoral de Alagoas como “reacionária e rancorosa”.

Falando em tom exaltado, o ex-governador que coordena a bancada federal de Alagoas disse que os membros do Poder Judiciário guardariam rancor devido às “críticas que faz ao sistema”. E acusou o TRE de Alagoas de liberar assassinos e ladrões na disputa eleitoral, enquanto ele teria uma certidão do TSE assegurando a candidatura.

O deputado alagoano foi considerado ficha suja e inelegível por ter sido condenado por injúria e calúnia eleitoral na disputa pelo governo em 2010. E também afirma que o Ministério Público Eleitoral teria cometido excessos.

“O resultado seria trágico se não fosse cômico. Nós vamos derrubar a decisão no TSE. Não tem sentido. Liberaram tudo, assassinos, ladrões e dizem que eu não posso ser candidato? […] Se disser isso [fizer criticas] você é inimigo dessas instituições. É uma vergonha o que fizeram ontem. […] A Justiça deveria estar vendo questões relacionadas à lista de eleitores, à compra de votos, que são mais importantes que isso”, protestou Lessa.

O deputado também chamou os responsáveis pela decisão de “povo do atraso”:

Veja a mensagem do deputado distribuída aos seus eleitores:

A condenação

O ex-governador foi condenado pelo TRE, com decisão confirmada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), no caso envolveu o arrombamento do comitê de Lessa, em 2010, que o então candidato a governador pelo PDT atribuiu ao seu adversário, configurando calúnia eleitoral contra o então governador Teotonio Vilela Filho (PSDB). A condenação a oito anos de detenção foi revertida em prestação de serviços comunitários e pagamento de 20 salários mínimos.

A defesa do parlamentar alegou que o crime seria de baixo potencial ofensivo, mas o registro da candidatura à reeleição foi indeferido por 5 votos a 1, com apenas o desembargador Alberto Maia como voto divergente, no Pleno do Tribunal Regional Eleitoral.

Na coletiva, Lessa alegou que não ficou comprovado que teria dito o nome de Teotonio Vilela, que era seu único adversário no segundo turno da disputa em 2010. E o ex-governador tucano desistiu a ação. A acusação contra o adversário foi feita em reportagem da Gazeta de Alagoas, em entrevista concedida pelo então candidato.

O deputado também sugeriu que a relatora do julgamento no TRE, desembargadora Silvana Omena, teria parentesco com adversários políticos seus. E disse que, por isso, sua defesa pode pedir anulação da rejeição de seu registro de candidatura.

O Diário do Poder fez contato com a Assessoria de Comunicação do TRE de Alagoas e foi informado de que o desembargador-presidente José Carlos Malta Marques não se manifestará a respeito das declarações do deputado.

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