Renan Filho tem governo bombardeado por adversários, em debate na TV
Rivais candidato à reeleição expuseram a realidade além da propaganda em Alagoas
O debate desta terça-feira (2) entre os postulantes ao mandato de governador de Alagoas contou com a participação do candidato à reeleição Renan Filho (MDB), que virou alvo principal das críticas de seus adversários, durante cerca de duas horas, na TV Gazeta, afiliada à Rede Globo. Pinto de Luna (PROS), Josan Leite (PSL) e Basile Christopoulos (PSOL) focaram no objetivo de expor que a realidade dos alagoanos, com quase 600 mil em extrema pobreza, é bem diferente da exposta na publicidade oficial e eleitoral emedebista.
Além do domínio político da família Calheiros “há quarenta anos” em Alagoas, temas da segurança pública, turismo, educação, combate à pobreza, geração de empregos, terceirização, privatização e concurso público foram alvos de críticas, rebatidas pelos argumentos de Renan Filho, que se manteve tranquilo e foi irônico em alguns momentos, chamando adversários de desinformados e despreparados.
Basile pregou prosperidade para alagoanos em extrema pobreza: “Fomos no Sertão, Litoral Norte e Sul, Agreste, conhecemos e sentimos o sofrimento do alagoano, que é histórico. Uma escravidão de 600 mil pessoas que continuam na extrema pobreza. Alagoas não é dos taturanas e dos gabirus. Quero que tenham a possibilidade de escolher uma nova Alagoas”, destacou o candidato do PSOL, se referindo às principais operações da Polícia Federal contra a corrupção no Estado.
E Josan Leite disse, nas considerações finais, que Alagoas tem como caminho sepultar a velha política e construir a nova planejada para o futuro. “Alagoas é próspera e necessária. Alagoas tem a oportunidade de seguir um caminho diferente de agir e resgatar o futuro”, disse o candidato do PSL.
Caos nos serviços
A situação precária dos serviços públicos de saúde, educação, segurança pública e saneamento básico foram expostas por Basile Christopoulos, Pinto de Luna e Josan Leite em diversos momentos do debate contra o líder das pesquisas que pode vencer em 1º turno, com 65% dos votos, segundo levantamento do Ibope divulgado em 20 de setembro sob registros no TRE AL‐06041/2018 e no TSE BR‐02881/2018.
Pinto de Luna se uniu a Basile para denunciar o desvio de finalidade nos recursos do Fundo Estadual de Combate à Pobreza (Fecoep), que virou uma das principais fontes de verbas para obras no Estado, após o governo do MDB ampliar a tributação destinada a abastecer o fundo.
Basile expôs que a saúde pública em Alagoas é um caos, com cinco hospitais inacabados (financiados pelo Fecoep) e prestação de serviço que deixa os alagoanos extremamente insatisfeito e ainda disse acreditar que Renan Filho, caso eleito, não fará concurso público para garantir o funcionamento de hospitais que estão sendo construídos, porque vai entregá-los à gestão de organizações sociais de interesse público, as OSs.
Renan Filho disse que enfrenta o desafio de fazer os maiores investimentos da história na saúde e faz parcerias com hospitais privados e filantrópicos. E listou melhorias, principalmente com a convocação de concursados para a segurança pública, implantação de escolas em tempo integral e construção de novos hospitais.
O candidato do PSOL também defendeu que o modelo público é mais barato e mais eficiente para a saúde. E criticou que Alagoas tem um a cada três jovens desempregado.
Duelo com delegado da PF
O maior embate do candidato à reeleição foi com o delegado federal aposentado, Pinto de Luna. O ex-superintendente da PF em Alagoas lembrou que o governo de Renan Filho suspendeu o Programa da Sopa, como uma das primeiras medidas, em 2015 contra o serviço que entregava gratuitamente a principal refeição de famílias alagoanas em situação de extrema pobreza.
Pinto de Luna disse que o estado ainda tem nível de violência entre os maiores do Brasil, com 1.800 alagoanos morrendo sem espaço para avaliação positiva. E acabou sendo ironizado pelo emedebista por dizer que é visto pelo alagoano nas praias e velejando, para rebater a acusação de Renan Filho de que não morava mais em Alagoas há dois anos e teria “retornado às pressas” para substituir a candidatura de Fernando Collor (PTC) ao governo. Segundo Luna, que agora advoga, sua ausência foi de apenas dois meses e por motivos de saúde.
O mediador do debate, jornalista Roberto Kovalick interrompeu falas de candidatos que citavam candidaturas a presidente da República, com o argumento de que o espaço do debate era para discutir temas relacionados à disputa de governador.
Além de Josan Leite, Pinto de Luna, Basile Christopoulos e Renan Filho, Melquezedeque Farias (PCO) também disputa eleição e recorre contra decisão da Justiça Eleitoral de rejeitar sua candidatura. As regras do debate da TV Gazeta não abriram espaço para o candidato, por seu partido não ter representação no Congresso Nacional.