Laços com condenado

Renan Filho não divulgou visita em que defendeu condenado por corrupção

Alagoano pagou expediente de Renan Filho, na PF de Curitiba

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O governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), não divulgou sua “agenda de trabalho” que terminou em vexame, ao utilizar o horário de expediente para ir a Curitiba (PR), nesta terça-feira (10), tentar visitar o condenado por corrupção e ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O pré-candidato a reeleição apareceu deslocado, nas fotos com os demais governadores nordestinos. Mas não escapou da gravação de um vídeo para as redes sociais do ex-presidente apenado, no qual pleiteou a soltura do petista condenado em segunda instância a uma pena de 12 anos e um mês de prisão pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro, no caso do triplex do Guarujá (SP).

A agenda foi mantida em segredo desde a véspera até a tarde do dia da visita, quando a assessoria de Renan Filho ainda não confirmava a viagem à sede da Polícia Federal de Curitiba, onde Lula está preso em uma cela especial. E o alagoano, para quem o governador deveria ter trabalhado no dia de ontem, somente tomou conhecimento sobre a presença de Renan Filho no Paraná através das reportagens da imprensa sobre a negativa da Justiça ao “comício” que os governadores tentaram fazer na sede da Polícia Federal, em pleno horário de expediente.

Renan Filho não divulgou nada sobre a visita frustrada ao condenado da Operação Lava Jato, mas gravou depoimento sobre o “momento histórico e complexo” do Brasil, em decorrência da caçada à corrupção que também tem ele e seu pai e senador Renan Calheiros (MDB-AL) como alvos de inquéritos relacionados ao escândalo do petrolão. A presença de Lula no palanque do senador Renan é tida como essencial para a reeleição do ex-presidente do Senado.

“O Brasil vive um momento histórico e complexo. E eu acompanhei aqui em Curitiba a visita que governadores promoveram ao ex-presidente Lula que, de maneira dividida em um julgamento no Supremo Tribunal Federal, foi decidida sua prisão em segunda instância. Isso precisa ser revisto. Lula foi preso sem crime e sem prova. E o Brasil aguarda está aguardando essa decisão ansiosamente”, disse Renan Filho, no vídeo gravado para a assessoria do ex-presidente Lula, no dia de trabalho que custará .

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‘LAÇO FORTE’

Questionado pelo Diário do Poder sobre a agenda do governador, o deputado estadual Rodrigo Cunha (PSDB-AL) vai questionar os custos da viagem, apesar de acreditar que o Governo de Alagoas não cometeria um erro destes. E viu a iniciativa de Renan Filho de visitar Lula como resultado de alguma ligação suficientemente forte entre ambos, capaz de fazer o governador deixar de lado sua agenda de trabalho para viajar ao Sul do Brasil.

“Acho que Renan Filho deve ter um laço muito forte com Lula, pra fazê-lo ir a PF de Curitiba”, disse Rodrigo Cunha, que atua isoladamente na oposição ao governador alagoano, contra quem pode disputar o comando do Estado, em outubro.

A assessoria do governador alagoano afirmou ao Diário do Poder que o Estado de Alagoas não custeou a viagem. Mas, se o dia de trabalho do governador foi visitar seu amigo condenado por corrupção, o contribuinte alagoano deveria cobrar a devolução do salário pelo dia não trabalhado, trocado pela agenda político-eleitoral. Um dia e trabalho de Renan Filho custa R$ 781,30 para o alagoano.

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