Emergência midiática

Renan Filho decide gastar mais R$ 8 milhões com propaganda, em meio à pandemia

Créditos suplementares quase duplicam gastos com propaganda em Alagoas

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Governador Renan Filho tem anunciado medidas de prevenção ao Covid-19 em transmissões pelas redes sociais. Foto: Thiago Sampaio/Agência Alagoas

Depois de a Organização Mundial da Saúde (OMS) declarar pandemia global pelo Covid-19 e de decretada calamidade pública nacional pelo novo coronavírus, o governador de Alagoas, Renan Filho (MDB), decidiu gastar R$ 8 milhões a mais com propaganda, com o dinheiro dos alagoanos que lidam com uma situação de emergência na saúde pública e enfrentarão os efeitos de uma crise econômica inevitável.

A última abertura de crédito suplementar foi publicada na edição de ontem (25) do Diário Oficial do Estado e destinava R$ 6 milhões a mais para a Secretaria de Comunicação (Secom), que já havia recebido um reforço de R$ 2 milhões em seu orçamento, conforme outro decreto publicado no dia 19, um dia antes de o governador decretar emergência e fechar o comércio.

Ao todo, a Secom de Alagoas já tinha R$ 10,6 milhões reservados para 2020, de acordo com o quadro de detalhamento das despesas da Lei Orçamentária Anual. Agora, terá R$ 18,6 milhões para gastar neste ano eleitoral.

A decisão de quase duplicar os gastos com propaganda foi criticada por deputados na sessão virtual de ontem da Assembleia Legislativa.

O deputado Cabo Bebeto (PSL-AL) criticou o envio de mais dinheiro para investir na promoção de plano de mídias e campanhas publicitárias. E considerou que  o governo desvia o foco do que seria prioridade, diante dos impactos do novo coronavírus para a economia local.

“Sinceramente, eu não vejo pra onde vai esse gasto. Deve ser nas logomarcas que o governo cria. Não justifica. Diante das ferramentas que temos hoje, para levar informação à sociedade, a suplementação não é prioridade, nesse momento, até porque a Comunicação já tem recurso pra isso”, destacou o deputado do PSL.

Cabo Bebeto disse que, se for necessário, agirá contra o que chamou de desvio de recursos da área essencial para reforçar o orçamento de uma pasta que, em sua visão, não traz nenhum benefício direto ao cidadão. “Pelo contrário, só favorece a divulgação falaciosa das execuções do Governo do Estado. Se for o caso, vamos agir para paralisar esse desvio de recursos, neste momento tão importante”, concluiu o parlamentar.

Maior que ajuda federal

O deputado Davi Maia (DEM-AL) considerou que informação é fundamental no momento da pandemia. Mas considerou importante priorizar o reforço do caixa da Secretaria de Saúde do estado e das secretarias municipais, não da propaganda. Além disso, destaca que o valor é maior que a ajuda federal de R$ 6 milhões enviada pelo governo de Jair Bolsonaro para Alagoas combater a pandemia.

“Em meio a crise o Governador irá gastar R$ 8 milhões com propaganda. É mais que o dinheiro que chegou do Governo Federal. Qualquer pronunciamento do governador tem, obviamente, uma grande repercussão e cobertura da mídia. Mídia essa que já reforçou sua programação para levar ao cidadão informações corretas e atualizadas”, criticou Davi Maia.

Procurada pelo Diário do Poder, a assessoria do governador Renan Filho não respondeu aos questionamentos sobre as críticas à ampliação de gastos com propaganda, em meio à pandemia, neste ano eleitoral.

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