Aliança incompatível

Procurador cita repulsa a ‘taturanas’, ao recusar aliança com o PTB de Alagoas

Mas líder do PTB lembra que ajudou a eleger prefeito o ex-chefe do MP, Eduardo Tavares, em 2016

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Deputado Antonio Albuquerque e procurador de Justiça Eduardo Tavares. Fotos: Ascom ALE e Ascom Traipu

Quatro anos após desistir da candidatura de governador de Alagoas, pelo PSDB, e quatro meses depois de renunciar ao mandato de prefeito de Traipu (AL), o ex-chefe do Ministério Público de Alagoas, Eduardo Tavares Mendes, o ET (PRTB), disse que vai desistir de disputar o mandato de deputado federal, se seu partido mantiver aliança com o PTB, presidido pelo deputado estadual Antônio Albuquerque, cotado como seu concorrente à Câmara dos Deputados. Mas os motivos alegados pelo procurador de Justiça fizeram Albuquerque sugerir ter apoiado a eleição do ex-prefeito de Traipu, há menos de dois anos.

Eduardo Tavares afirmou que tem “profunda incompatibilidade com o modus operandi dos indivíduos que fazem parte do PTB”. Ele fez menção ao fato de Albuquerque responder a processo decorrente da Operação Taturana, ao dizer ao Diário do Poder que não se alia a partidos com candidatos “envolvidos em corrupção, tais como os  ‘taturanas’”. E disse não aceitar ser usado para eleger algum de seus filiados.

“A única maneira de permanecer candidato é  o meu partido (PRTB) anunciar que não coligou com o PTB. Caso contrário, é desistência sim. Por princípio, eu não participaria de  alianças com partidos que tenham em seus quadros candidatos envolvidos em corrupção, tais como os ‘taturanas’, os ‘gabirus’ e outros bichos. Assim, arremato dizendo que, como a minha candidatura está condicionada à não coligação com o PTB, ela é bastante improvável”, disse Eduardo Tavares, ao pelo aplicativo Whatsapp.

Informado sobre os argumentos do procurador, Antônio Albuquerque sugeriu que Tavares fosse questionado pelo seguinte: “Pergunte a este senhor se ele foi candidato a prefeito de Traipu com o meu apoio e o que ele fez e deu aos vereadores de meu partido para votar nele. Como ele conquistou os vereadores para apoiá-lo. Se ele não se recordar, os vereadores podem numa acareação com ele dizer como foi e a origem do recurso que ele e a Conceição Tavares [ex-prefeita], prima dele, passou para o pessoal, à época”, disse Albuquerque, por telefone.

“Eu andei a eleição todinha sem a presença da Conceição. A Conceição era ligada a ele; eu não. Não utilizei dinheiro nas eleições, todo mundo sabe disso. Ele não me apoiou em nada, apenas permitiu que alguns vereadores de um partido comandado por ele me apoiassem! Recurso em eleição é um problema entre ele, Conceição e tantos outros políticos! Porque eu rompi com a Conceição no primeiro dia de mandato? Porque eu ingressei com tantas ações contra ela? Não vou dar palanque a ele! Ele nada tem a perder! Eu tenho um nome a zelar, Ok? Essa questão de recursos dados a vereadores, se ele mencionar isso de imediato entrarei com as devidas ações na justiça. Vai ter que provar quem deu, quanto deu, quem recebeu e qual o papel dele nessa história!”, disse Eduardo Tavares.

O Diário do Poder não conseguiu o contato da ex-prefeita de Traipu, Conceição Tavares.

Quando chefiava o MP de Alagoas, o procurador de Justiça assinou a denúncia contra o deputado Antônio Albuquerque, apontando o parlamentar como um dos mandantes do assassinato do Cabo Gonçalves, morto em 1996. Mas Albuquerque ressalta que a denúncia sequer foi recebida pela unanimidade do Tribunal de Justiça de Alagoas. “Não foi recebida, de tão caluniosa e eivada de inverdades e atitudes levianas”, disse o presidente do PTB.

Aguarda até domingo

Na questão partidária, Eduardo Tavares lembrou que tal rumo das alianças ao encontro do PTB contraria a promessa do PRTB de não atrair candidatos com mandato ou que buscam “escadas” para garantir a eleição. “O objetivo nosso era que o partido fizesse, com tranquilidade, um deputado federal! Da forma como as alianças foram feitas, provavelmente nenhum dos excelentes nomes do PRTB será eleito”, avaliou Tavares.

O presidente do PRTB, Adeílson Bezerra, e Eduardo Tavares conversaram e ficou acordado que o procurador aguardaria até domingo (5), fim do prazo das convenções, para oficializar sua decisão, a partir da definição da coligação para deputado federal. “É uma questão matemática mesmo. A gente fica com receio de sair sozinho e alguns candidatos desistirem, lá na frente, e a gente sequer faça o coeficiente ou algo em torno de 130 mil votos”, disse Adeílson Bezerra, ao deixar aberta a possibilidade de remanejar candidatos a deputado estadual para a chapa de federal.

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