Eleições 2020

Pré-candidato do PSOL diz que nenhum prefeito priorizou povo de Maceió neste século

Doutor em Direito, Basile vê chance de disputa real, após ficar em 4º para o governo de Alagoas

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Basile Christopoulos é pré-candidato a prefeito de Maceió pelo PSOL. Foto: Divulgação

Após estrear na vida pública já como candidato a governador de Alagoas, em 2018, o professor universitário e doutor em Direito pela USP, Basile Christopoulos (PSOL), lança seu nome como pré-candidato à sucessão do prefeito de Maceió (AL), Rui Palmeira (PSDB), afirmando que a capital alagoana “não teve, nesse século, um prefeito sequer que tenha colocado o povo como prioridade”. O tucano está fora da disputa por já ter sido reeleito em 2016.

Quarto colocado na disputa vencida pelo governador Renan Filho (MDB), com 4,34% dos votos em Alagoas, Basile se antecipa em quase um ano da campanha eleitoral, com a confiança de quem atingiu 8,2% dos votos entre eleitores da capital alagoana, na terceira posição, com 30.435 votos.

Em entrevista ao Diário do Poder, Basile disse acreditar que haverá uma “disputa real” na campanha de 2020 – ao contrário da última eleição, quando Renan Filho foi reeleito em 1º turno com 77,3% dos votos.

Como o senhor avalia o quadro atual para a disputa pela sucessão do prefeito Rui Palmeira, em Maceió? 

A sucessão do prefeito Rui Palmeira está em aberto. Muitos se dizem candidatos, mas o cenário nacional ainda deve ser decisivo na escolha de quem os maceioenses farão no próximo ano.

O senhor já se habilita para esta disputa?

 Eu me sinto não apenas habilitado, mas com legitimidade para disputar a prefeitura de Maceió no próximo ano com base no desempenho que tivemos no ano passado. Atingir 8,2% dos votos em Maceió, numa primeira candidatura, me faz acreditar que tivemos um bom desempenho. Maceió não teve nesse século um prefeito sequer que tenha colocado o povo como prioridade. A política habitacional do atual governo, por exemplo, é desastrosa. Além do que Maceió tem um dos piores desempenhos em política pública de saúde. O percentual da população atendida pela saúde básica do município é uma vergonha. Tenho certeza que poderíamos fazer uma grande gestão na cidade.  

Quais devem ser as ações prioritárias para enfrentar os problemas vividos pelos maceioenses? 

As ações prioritárias devem se dar nas áreas que os maceioenses hoje mais sofrem. Temos um problema crônico de moradia, que inclusive tem sido impulsionador dos nossos problemas com a violência urbana; a saúde na cidade, que sofre com a ausência de um hospital municipal e a politicagem na gestão dos postos de saúde; e a educação que nunca foi prioridade.

O senhor sente que terá apoio da militância do PSOL ao seu nome para prefeito de Maceió? A perspectiva é boa entre os eleitores? 

O PSOL é um partido que está crescendo em todo o Brasil, e precisamos aprimorar cada vez mais os mecanismos de democracia interna, dando voz aos militantes de todos os bairros e cidades do estado. A perspectiva é positiva para 2020. Tivemos 30 mil votos em Maceió na campanha para o governo, o que representou 8,2% dos votos, vencendo o candidato que era apoiado pelo PSDB do prefeito de Maceió [Pinto de Luna, do PROS]. Nossa disputa será real em 2020. Temos um trabalho de formação forte na periferia da cidade, especialmente no bairro do Benedito Bentes, o que nos aproxima dos anseios e desejos do povo. 

Destacaria algo de positivo na atual gestão dos governantes da capital e do Estado de Alagoas? O poderia melhorar?

Um dos pontos que a gestão municipal deve melhorar com urgência é o atendimento do programa de saúde da família, que em Maceió tem uma das menores coberturas. Isso encarece o serviço de saúde porque as pessoas apenas procuram o serviço quando já estão doentes. Não há um trabalho de prevenção adequado aliado ao fato do baixo índice de saneamento básico na cidade e em todo o estado.

O atual e o próximo prefeito terão que trabalhar em parceria com o governo federal para fazer Maceió se recuperar do desastre geológico da Braskem, que ainda poderá ter grande repercussão financeira. Como sua eventual gestão pretende atuar neste trabalho conjunto com o governo de Jair Bolsonaro, crítico ferrenho de seu partido? 

A tragédia que atinge com mais intensidade os bairros do Pinheiro e Mutange, mas que é em verdade de toda cidade, foi acusada por uma série de fatores, que vão desde a grande responsabilidade da empresa Braskem, já demonstrada, até a falta de fiscalização e de iniciativa do poder público federal, estadual e municipal. O alinhamento do atual prefeito Rui Palmeira com o governo Bolsonaro nos serviu de quê até agora? O nosso modelo federativo é de independência, de forma que o prefeito não é subordinado a ninguém, é com essa independência que qualquer gestor municipal deve trabalhar. Além disso, a gestão desse presidente dura apenas metade do mandato do próximo eleito, depois de dois anos tudo pode mudar de novo. O povo de Maceió não pode escolher seus gestores por alinhamento político. Mas quem tem capacidade pra governar é redirecionar o orçamento municipal para as verdadeiras necessidades do povo de Maceió.

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