REVOLTA ENTRE ADVOGADOS

Policial atira em funcionário da OAB diante de Fórum, em Maceió

Guardador de carros foi baleado na perna após discutir e lutar com policiais

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José Geovane discutiu e lutou com policiais ao tentar defender motorista de carro estacionado irregularmente (Foto: Divulgação WhatsApp)

O guardador de carros contratado pela Seccional Alagoana da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/AL), José Jeovânio da Graça, foi baleado na perna, diante da esposa, depois de discutir com policiais militares e de lutar para se desvencilhar da tentativa de imobilização feita pelos integrantes do Batalhão de Polícia de Trânsito (BPTran). A confusão aconteceu diante do Fórum da Justiça de Alagoas, no Barro Duro, em Maceió (AL), na tarde desta segunda-feira (4).

Houve revolta entre advogados que recebem, há anos, o suporte de José Jeovânio para estacionar seus veículos diante do fórum. E a OAB repudiou abordagem policial flagrada em vídeo e disse que vai buscar punição para a ação que considerou arbitrária e abusiva.

O funcionário da OAB foi baleado pelo soldado da PM Cyro da Vera Cruz Neto, após empurrá-lo e se afastar dos policiais e das agressões. A vítima foi socorrida pela guarnição e levada, na mala, para atendimento no Hospital Geral do Estado (HGE) e recebeu alta ainda na noite de ontem.

“Temos grandes policiais no nosso estado, mas os abusos têm que ser apurados e punidos”, declarou a presidente da Seccional Alagoana da OAB, Fernanda Marinella.

A esposa de José Jeovânio, Maria José Francisco da Silva, disse que a confusão começou porque seu marido discutiu com policiais em defesa de uma advogada que estacionou o carro de maneira irregular. E disse que a vítima buscava ajuda, ao ser baleado.

 

‘FACA NA CINTURA’

O soldado Cyro da Vera Cruz Neto se apresentou à Central de Flagrantes, no início da noite de ontem, e declarou que José Jeovânio o teria agredido com um soco no rosto e levado a mão até a cintura, no momento da confusão. O policial afirma que notificava veículos estacionados de forma irregular, na calçada e em vagas de idosos, sem o cartão indicativo, quando viu José Geovane discutindo com o motorista de sua guarnição.

“[…] o indivíduo colocou a mão na cintura e o declarante viu que ele estava puxando uma faca com cabo amarelo ou laranja; que, diante do perigo iminente, o declarante desferiu um disparo de arma de fogo na perna do indivíduo; que a faca foi retirada de perto do dele, o mesmo foi imobilizado e feito o socorro necessário, encaminhando-o ao HGE [Hospital Geral do Estado]”, diz um trecho do termo de apresentação espontânea com o relato do policial.

A Assessoria de Comunicação PM de Alagoas publicou nota em que informa que os policiais reagiram com um tiro para conter o funcionário, que os agrediu com tapas e murros. E disse que o Comando do BPTran realizou os procedimentos legais e vai entregar a documentação ao Comando-Geral da PM para que o caso seja apurado.

Veja o momento do disparo, filmado por um motorista e publicado pela Gazetaweb:

José Jeovânio nega ter tentado puxar uma faca ou estar portando a arma branca. E a OAB/AL e a Caixa de Assistência dos Advogados de Alagoas (CAA/AL) publicaram nota de repúdio contra a ação dos militares. E solicitaram à Secretaria de Segurança Pública de Alagoas (SSP/AL) informações sobre os fatos e as providências relativas ao caso.

“A OAB Alagoas e a Caixa de Assistência ressaltam o total respeito aos militares que honram o dever diário de defender a população, colocando em risco suas próprias vidas. Atitudes arbitrárias não podem manchar o valor de toda a corporação, no entanto, precisam ser repudiadas e combatidas”, diz o texto enviado à imprensa.

O Diário do Poder questionou à OAB sobre as alegações do policial e sua assessoria de imprensa respondeu o seguinte: “Ontem a OAB Alagoas acompanhou o funcionário durante depoimento na Central de Flagrantes. O caso agora está com a polícia. As imagens são esclarecedoras, continuaremos prestando todo apoio ao nosso funcionário. Vamos oficiar aos órgãos competentes com as provas que temos e aguardar as investigações. Acreditamos que tudo será esclarecido com verdade e que os responsáveis sejam punidos”.

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