Teve família assassinada

Órfão por crime político pode se eleger senador: ‘Alagoas não tem dono’

Filho de deputada assassinada, Rodrigo Cunha quer vencer Renan e rejeitou apoiar Collor e Benedito de Lira

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Rodrigo Cunha foi deputado estadual mais votado em 2014, em Alagoas. Foto: Divulgação

O advogado e professor de Direito do Consumidor Rodrigo Cunha (PSDB-AL) foi o deputado estadual mais votado nas eleições de 2014, em Alagoas. Em uma campanha independente, ele tenta se eleger para uma das duas vagas da disputa pelo Senado, após um primeiro mandato marcado pela eficiência e participação popular reconhecidas nacionalmente. Mas seu objetivo é maior que a busca por votos: Cunha quer convencer o alagoano de que Alagoas não tem dono, como imaginava o político que mandou matar sua família, há quase 20 anos.

O ingresso e projeção de Rodrigo Cunha na política de Alagoas são resultados da superação de uma tragédia pessoal comum à tradição de uma parcela importante da classe política alagoana, que ainda mata para alcançar ou não perder cargos públicos.

Rodrigo Cunha tem 37 anos e é o filho mais novo da médica Ceci Cunha e do comerciante Juvenal, assassinados em 16 de dezembro de 1998, com outros dois familiares, em Maceió (AL). Naquele dia, Ceci tinha acabado de ser diplomada deputada federal por Alagoas, e foi trucidada por ordem de seu suplente, Talvane Albuquerque, condenado somente em 2012 como mandante do crime de pistolagem política que marcou a história de Alagoas e do Brasil.

“Não vamos abaixar a cabeça e achar que aqui tem dono, que eles discutem o futuro de Alagoas dentro de um hotel. Temos que sair daqui com uma missão, que é muito maior que o Rodrigo senador. A missão é refazer a forma como política é feita aqui em Alagoas. E para isso eu quero contar com todos vocês”, disse Rodrigo Cunha, ao inaugurar ontem (22) seu comitê de campanha na capital alagoana, sem a presença da maioria dos integrantes de sua coligação.

Independente e competitivo

Um exemplo da independência política de Rodrigo Cunha que tem irritado até aliados do PSDB é o fato de o candidato tucano se recusar a subir no palanque de sua coligação, formada por oito partidos que apoiam o ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTC) para o governo e a reeleição do senador Benedito de Lira (PP) para a outra vaga ao Senado.

Com discurso anticorrupção, ficha limpa e início modesto de campanha, Rodrigo Cunha já empata com seu principal rival, o senador Renan Calheiros (MDB), na liderança da disputa pelo Senado, na modalidade de pesquisa espontânea do levantamento do Ibope, divulgado na semana passada e registrado no Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de Alagoas sob o protocolo AL-00461/2018. Foi lembrado como voto preferencial por 5% dos eleitores que não dispunham de uma lista de candidatos para escolherem.

na pesquisa estimulada, com a apresentação de lista de candidatos ao eleitor, Rodrigo Cunha fica em terceiro, com 19%; empatado tecnicamente com o ex-ministro dos Transportes Maurício Quintella (PR), que pontuou 18%; e atrás do senador Biu de Lira, com 25%; e de Renan, com 33%.

O nome tucano para o Senado em Alagoas foi pressionado para se candidatar ao governo, mas resistiu e manteve sua candidatura, afirmando que ninguém jamais o obrigará a fazer o que ele não queira. “Ninguém jamais vai me colocar um cabresto”, afirma Cunha, ao se apresentar ao eleitor.

Assista mais argumentos de Rodrigo Cunha para ingressar na política:

Tive um grande motivo para evitar entrar na política. Mas aprendi que as boas pessoas precisam se envolver, ou mais famílias vão sofrer na pele as ações dos maus políticos, como eu e tantas outras pessoas sofreram e sofrem até hoje. O meu principal objetivo é fazer o bem para toda sociedade de uma forma íntegra e transparente. Por isso, meus princípios são inegociáveis. #RodrigoCunha456 #CoragemPraFazerDiferente

Posted by Rodrigo Cunha on Sunday, August 19, 2018

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