Senhas ususpadas

Operação mira advogados acusados de prejudicar prisões e escutas em Alagoas

Polícia Civil afirma que investigados usavam senhas de defensores públicos em sistema do TJAL

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A Polícia Civil de Alagoas deflagrou na manhã desta quarta-feira (29) a Operação Backdoor para desbaratar um esquema de uso indevido de senhas de acesso ao sistema do Tribunal de Justiça de Alagoas (TJAL). Advogados são investigados por envolvimento na ação criminosa que vinha prejudicando o cumprimento de medidas judiciais sigilosas, como interceptações telefônicas e mandados de prisão.

Três mandados de busca e apreensão expedidos pela 2ª Vara Criminal da Capital em endereços de advogados que atuam nas cidades de Arapiraca e Coruripe. O delegado Thiago Prado, que coordena a investigação, disse que foi identificado o uso de senhas de defensores públicos pelos advogados investigados.

“Ao longo da investigação em ambiente cibernético foi possível detectar o envolvimento de advogados fazendo uso desse acesso indevido ao sistema, bem como o vazamento das informações para os réus, que acabavam se evadindo sem serem pegos pela polícia. Observou-se que esses causídicos acessaram 91 vezes as senhas de três Defensores públicos do Estado de Alagoas, causando severo prejuízo a medidas judiciais em curso”, disse o delegado Thiago Prado.

Os mandados foram cumpridos por equipes da Delegacia Especializada de Roubos da Capital (DERC), ASFIXIA e Operação Policial Litorânea Integrada (OPLIT), e nos escritórios de advocacia tiveram o acompanhamento dos advogados Sílvio Arruda, Tasso Marques e César Filho representantes da Ordem dos Advogados do Brasil de Alagoas (OAB/AL).

Apoio a investigações

O Tribunal de Justiça de Alagoas e a Defensoria Pública de Alagoas publicaram notas de esclarecimento, apoiando as investigações.

Veja a nota da Defensoria Pública de Alagoas:

A Defensoria Pública do Estado de Alagoas, acerca da operação “Backdoor”, deflagrada na manhã desta quarta-feira (29), pela Polícia Civil de Alagoas, que cumpriu mandados de busca e apreensão contra suspeitos de utilizarem senhas da instituição, vem a público esclarecer:

1 – Que, em meados de outubro de 2019, a Defensoria Pública foi procurada pela Polícia Civil, sendo informada que havia suspeita de que senhas da instituição estavam sendo utilizadas indevidamente;

2 – Que, imediatamente, no mais absoluto sigilo, a Defensoria Pública passou a colaborar com a investigação;

3 – Que os advogados suspeitos, um foi estagiário da Defensoria Pública até junho de 2018 (há mais de 2 anos), e o outro também foi estagiário e exerceu cargo em comissão por dois meses, sendo exonerado em julho de 2016 (há mais de 4 anos);

4-Que, após a Defensoria Pública ser informada das suspeitas, passou a revisar a segurança do seu sistema, principalmente para acessar processos sigilosos, a fim de evitar que os supostos fatos ilícitos venham a se repetir;

5 – Por fim, a Defensoria Pública condena e repudia veementemente as práticas dos supostos ilícitos e informa que continuará colaborando com as autoridades policiais na investigação.

E a nota do TJAL:

Acerca da Operação “Backdoor”, deflagrada na manhã desta quarta-feira (29), o Tribunal de Justiça de Alagoas esclarece:

1. Não houve nenhum tipo de invasão ao sistema do TJ (SAJ – Sistema de Automação da Justiça), como descrito em manchete de reportagem;

2. Não ocorreu nenhuma alteração em conteúdo processual ou algo compatível;

3. O SAJ possui diversos níveis de auditoria, conseguindo mapear de qual dispositivo a consulta processual via internet foi efetuada. Os acessos suspeitos foram detectados pelo próprio Judiciário de Alagoas;

4. O presidente do Tribunal de Justiça de Alagoas, Tutmés Airan, manifesta seu total apoio à apuração dos fatos, reconhece que estes são absolutamente graves e inaceitáveis, especialmente por objetivar criar embaraços a investigações processuais. O presidente ressalta ainda a sua confiança no trabalho da 2ª Vara Criminal de Maceió, que autorizou a operação e supervisiona as investigações do caso.

(Com informações da Ascom da Polícia Civil de Alagoas e da Dicom do TJAL)

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