Caos permanente

MP abre sete novas investigações sobre irregularidades em hospitais alagoanos

Caos que já rendeu três operações da Polícia Federal é alvo de novas denúncias investigações

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O Ministério Público Estadual de Alagoas (MPAL) investiga denúncias de irregularidades na estrutura e no atendimento da maior unidade de emergência estadual, o Hospital Geral do Estado (HGE), e no Hospital Escola Dr. Helvio Auto, referência no tratamento de doenças infectocontagiosas. Ao todo, foram instaurados sete novos processos, entre inquéritos civis e procedimentos preparatórios para apurar as denúncias.

As sete portarias sobre as investigações foram publicadas na edição de hoje (9), do Diário Eletrônico do MPAL, assinadas pela promotora Louise Maria Teixeira da Silva, titular da 26ª Promotoria de Justiça da Capital.

Um dos alvos é a Ala A do HGE, destinada ao atendimento de pacientes com problemas cardiológicos. As denúncias relatam inúmeras irregularidades ao Ministério Público.

Outra portaria com este tipo de procedimento aberto tem a finalidade de acompanhar a instalação de arcos cirúrgicos que estão encaixotados à porta do centro cirúrgico do HGE. Os demais inquéritos visam investigar inconstâncias detectadas na recepção da urgência e a regularidade da porta de entrada dos pacientes.

Já os acompanhamentos da destinação do material recebido e do funcionamento do setor de Pediatria daquela unidade hospitalar serão feitos por meio de um procedimento administrativo, que antecipa o inquérito civil.

Falta de isolamento

Em relação ao Hospital Helvio Auto, a promotora Louise Maria Teixeira da Silva abriu um procedimento administrativo para apurar fatos narrados e relacionados em uma notícia do fato. No fim de fevereiro, a Defensoria Pública do Estado de Alagoas expôs à total ausência de isolamento em cinco dos seus sete leitos para doenças infectocontagiosas, que representam riscos para demais pacientes, equipes de saúde e familiares, independentemente da preocupação sobre a epidemia do novo coronavírus.

A promotora enviou ofício à presidência do Conselho Regional de Medicina de Alagoas (Cremal) e do Conselho Estadual de Saúde de Alagoas (CES/AL), requisitando inspeções e vistorias no Helvio Auto. E pediu à direção da unidade, além da Reitoria da Uncisal [Universidade Estadual de Ciências da Saúde de Alagoas], explicações sobre as denúncias.

Bebês e crianças em estado grave sendo abanadas na UTI pediátrica do Hospital Geral do Estado de Alagoas. Foto: Reprodução Redes sociais

Caos permanente

Mais de quatro anos depois de optar por consumir mais de R$ 219 milhões de dinheiro público construindo novos hospitais previstos para finalizar suas entregas no penúltimo ano de seu segundo mandato, o governador Renan Filho (MDB) é constantemente cobrado pelo caos e a má-gestão a que são submetidos pacientes com risco de morrer por infecção, na maior unidade de emergência pública de Alagoas, o HGE.

Em janeiro, o presidente do Sindicato dos Médicos de Alagoas e cirurgião do HGE, Marcos de Holanda Pessoa, denunciou que ele colegas médicos viviam uma situação de terror, operando pacientes no Centro Cirúrgico do HGE sob intenso calor, durante quase uma semana sem ar-condicionado.

Ainda em dezembro de 2019, os médicos e pequenos pacientes da UTI pediátrica do HGE também sofreram com a falta de funcionamento de aparelhos de ar-condicionado. 

Os principais problemas relatados constantemente por usuários das duas principais unidades públicas de saúde de Alagoas são falta de estrutura, desabastecimento, problemas no atendimento aos pacientes, superlotação, falta de insumos e precariedade nos setores.

PF e CGU cumprindo mandados da Operação Florence, na Secretaria de Saúde de Alagoas. Foto: Comunicação Social da PF em Alagoas

Caso de polícia

Os problemas do HGE já atraíram três operações da Polícia Federal contra esquemas de corrupção no hospital, no governo de Renan Filho.

A última das investidas da PF contra a corrupção no HGE foi a Operação Florence “Dama da Lâmpada”, deflagrada em 11 de dezembro de 2019, que prendeu a então diretora Marta Celeste, e o médico ortopedista Gustavo Francisco Nascimento, que coordenava o setor de ortopedia da unidade de emergência localizada em Maceió (AL). Na operação que investiga fraudes e desvios estimados em R$ 30 milhões nas compras de materiais ortopédicos, também foram presos a filha e o genro do vice-governador de Alagoas, Luciano Barbosa (MDB), que defende a inocência do casal.

Em 11 de maio de 2017, confirmando a apuração do Jornalismo investigativo do Diário do Poder, a PF deflagrou a Operação Sucupira, indiciando professores da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) e assessores de Renan Filho, envolvidos em um esquema que financiou com dinheiro da Saúde o favorecimento de alunos de um curso de mestrado em administração pública.

Em 09 de agosto de 2017, após aprofundar as investigações do esquema da Sucupira, a PF deflagrou a Operação Correlatos, contra fraudes que somaram R$ 180 milhões, em compras fracionadas, sem licitação, de medicamentos e produtos correlatos, para atender pacientes do SUS, no HGE. (Com informações da Gazetaweb)

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