GUERREIRO MIDIÁTICO

Morre o primeiro doutor em Jornalismo do Brasil, José Marques de Melo

Jornalista alagoano é referência entre teóricos da comunicação na América Latina

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Personalidades alagoanas e acadêmicos lamentaram a morte do jornalista alagoano José Marques de Melo (Foto: Lincon Zarbietti)

Morreu, nesta quarta-feira (20), em São Paulo, o jornalista, professor, pesquisador e escritor alagoano José Marques de Melo, que. Natural de Palmeira dos Índios, no Agreste alagoano, o jornalista tinha 75 anos e foi vítima de um infarto fulminante. O sepultamento acontece nesta quinta-feira (21), às 11h, no cemitério do Morumbi, em São Paulo.

Marques de Melo foi o primeiro doutor em Jornalismo titulado por universidade brasileira e fez pós-doutorado nos Estados Unidos, em 1973-1974. Ele formou-se em Jornalismo pela Universidade Católica de Pernambuco e em Ciências Jurídicas e Sociais pela Universidade Federal de Pernambuco, durante a década de 1960, antes de se transferir para São Paulo, onde construiu sua vida acadêmica, tornou-se escritor, atuou na fundação da Escola de Comunicação e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), sendo reconhecido como um dos grandes nomes da comunicação.

A reitora Valéria Correia, o vice-reitor José Vieira e toda a comunidade universitária da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) manifestam profundo pesar com a notícia do falecimento do professor José Marques de Melo.

O prefeito de Maceió, Rui Palmeira (PSDB), publicou nota de pesar: “Hoje os comunicadores perdem uma grande referência pessoal e profissional, com o falecimento do jornalista, professor e escritor alagoano José Marques de Melo. Com pesar, presto minha solidariedade a todos os familiares e amigos e manifesto o reconhecimento de que seu legado contribuiu e seguirá contribuindo, como referencial científico, para a formação de várias gerações de comunicadores”, afirmou o prefeito Rui Palmeira, em sua página no Facebook.

O secretário da Comunicação de Alagoas, o chargista e jornalista Ênio Lins, lamentou profundamente a perda de um dos principais acadêmicos de Jornalismo no Brasil. “Sem dúvida nenhuma, como acadêmico e jornalista, ele deixa uma história que ainda precisa ser contada, que ainda precisa ser reconhecida. Alagoas está de luto!”, lamentou.

Para o primo e desembargador alagoano José Carlos Malta Marques, esta não foi apenas uma perda familiar. “É uma tristeza para o Estado, que perde um de seus mais ilustres filhos. Ele estava produzindo até seus últimos dias. José Marques foi mais que um jornalista, ele é inspiração para todos acadêmicos da Comunicação” reforçou o desembargador.

A antropóloga Luitigarde Cavalcanti, amiga e companheira de projetos, destaca o pesquisador como sendo um ícone para a juventude da Comunicação. “José Marques foi mais que um professor; ele é uma inspiração para todos da Comunicação no Brasil”. Ela também frisa o homem cheio de vida que distribuiu conhecimento por todo o país.

Referência para a Ciência

Em sua biografia escrita por Sérgio Mattos, José Marques de Melo foi chamado de Guerreiro Midiático. Autor de 38 livros e coordenador de dezenas de coletâneas, o jornalista alagoano publicou artigos científicos em periódicos de referência nacionais e estrangeiros e figura nas estantes das faculdades e de profissionais de Comunicação, por meio de obras como Comunicação Social: Teoria e Pesquisa, Comunicação e Modernidade, Fontes para o Estudo da Comunicação e Teoria da Comunicação: Paradigmas Latino-Americanos.

Pesquisador incansável, José Marques de Melo idealizou a Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom), hoje a principal associação de pesquisadores em comunicação no país e se tornou referência para a criação de outros coletivos de comunicação na América Latina.

Antes de se tornar professor, Marques de Melo trabalhou em jornais como Gazeta de Alagoas, Jornal de Alagoas, mas também se destacou nos impressos brasileiros como Jornal do Commercio, Última Hora, A Gazeta, O São Paulo, O Estado de São Paulo, A Folha de São Paulo, Correio Braziliense e Zero Hora; em Pernambuco, São Paulo, Brasília, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro.

Iniciou a carreira acadêmica no Recife, em 1966, no Instituto de Ciências da Informação da Universidade Católica de Pernambuco e no ano seguinte, já em São Paulo, fundou o Centro de Pesquisas da Comunicação Social, mantido pela Faculdade de Jornalismo Cásper Líbero, e foi docente-fundador da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA-USP), onde obteve os títulos de doutor em Ciências da Comunicação, livre-docente e professor catedrático de jornalismo.

Durante o regime militar, José Marques de Melo foi impedido de trabalhar em universidades públicas brasileiras, mas foi anistiado e reassumiu a cátedra na USP em 1979. Em 1989, foi escolhido pela comunidade acadêmica para exercer o cargo de diretor da ECA, função ocupada até 1993, quando se aposentou. (Com informações da Intercom, Secom Maceió, e Agência Alagoas)

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