Penitência em Alagoas

Perde o mandato deputado que quis ver mãe de ministro de pernas abertas

Líder da frente católica e seu filho não foram reeleitos, após denúncia de arcebispo e derrota para padre

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Deputado federal Givaldo Carimbão. Foto: Luis Macedo/Câmara dos Deputados

Coordenador da Frente Parlamentar Católica do Congresso Nacional, o deputado federal Givaldo Carimbão (Avante-AL) não conseguiu se reeleger em sua segunda derrota consecutiva desde 2016, quando foi vencido pelo Padre Eraldo Cordeiro (PSD), na disputa pela Prefeitura de Delmiro Gouveia (AL). A penitência das urnas também atingiu seu filho e deputado estadual Carimbão Júnior (Avante-AL), no ano seguinte ao deputado federal defender Maria, mãe de Jesus Cristo, em uma confusão que encerrou uma audiência de comissão da Câmara dos Deputados, em que o parlamentar disse querer ver a mãe do ministro da Cultura Sérgio Sá Leitão exposta com as pernas abertas, tal qual foi Maria em cinco exposições artísticas patrocinadas com incentivos federais da Lei Rouanet.

De nada adiantou a repetição exaustiva da cena de sua defesa da mãe de Jesus na propaganda eleitoral, com a célebre frase: “Maria é minha mãe!”. Carimbão teve a sétima maior votação, mas não conquistou uma das nove vagas de Alagoas na Câmara dos Deputados, com 54.620 votos, ficando na 2ª suplência. Já Carimbão Júnior teve a 43º votação e a quarta maior de sua coligação, ficando na 2ª suplência da Assembleia Legislativa de Alagoas.

A dupla de fundadores dos imensos centros de peregrinação católica em Alagoas, denominados Cidades de Maria, foi rejeitada nas urnas depois de o arcebispo metropolitano de Maceió (AL), Dom Antônio Muniz Fernandes, denunciar, em janeiro de 2017, que a distribuição de recursos públicos estaduais para o tratamento de dependentes químicos seguiam critérios eleitorais, na Secretaria de Prevenção à Violência comandada por indicados de Carimbão desde sua criação, no início do governo de Renan Filho (MDB). Este serviço público já era comandado pelo parlamentar desde o governo anterior, de Teotonio Vilela Filho (PSDB), quando a pasta se chamava Secretaria da Paz.

Em fevereiro do ano passado, o arcebispo emitiu nota de repúdio denunciando mais diretamente a “parlamentares alagoanos” o uso eleitoreiro da política pública de prevenção da violência e de tratamento a dependentes químicos.

Givaldo Carimbão interrompe uma sequência de oito mandatos parlamentares, o quinto consecutivo na Câmara dos Deputados. Além da militância religiosa, o deputado alagoano foi contra o impeachment de Dilma Rousseff, contra as reformas da previdência e trabalhista e contra a legalização do aborto, entre outros posicionamentos. Mas o mais contundente, foi a defesa de Maria.

Assista novamente:

O Diário do Poder quis saber dos deputados a quê ambos atribuem o fato de não terem sido reeleitos. E também questionou se o resultado pode ter sido consequência do desgaste da relação com a Igreja Católica, a partir das manifestações públicas do arcebispo sobre uso eleitoral da Seprev, através de gestores indicados por Carimbão. Os deputados não responderam aos questionamentos até a publicação desta matéria.

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