ABSURDO LETAL

Despejo de instituto que operava pobres na Santa Casa de Maceió é repudiado

Pacientes e sociedade apelam contra desmonte de Instituto que transplantava corações pelo SUS

acessibilidade:
Adriano Soares, Teotonio Vilela Filho, Geraldo Magela e José Veríssimo demonstraram solidariedade a José Wanderley Neto.

A denúncia de que a Santa Casa de Misericórdia de Maceió despejou de suas instalações o Instituto de Doenças do Coração (IDC), responsável por 20 mil cirurgias cardíacas e 44 transplantes de coração, em quatro décadas, provocou demonstrações públicas de solidariedade e reconhecimento de pacientes e personalidades do Estado de Alagoas à equipe do instituto e ao cardiologista José Wanderley Neto, ex-vice-governador de Alagoas.

O ex-governador Teotonio Vilela Filho (PSDB) foi um dos que demonstraram apoio à causa e exaltaram a sensibilidade de Wanderley Neto com a saúde pública, ao tomar a iniciativa de expor o descaso e pedir que a sociedade socorra os pacientes que deixaram paulatinamente de ser atendidos pela equipe do IDC, através do Sistema Único de Saúde (SUS), na Santa Casa.

“A minha mais plena solidariedade ao amigo e ao médico, a esse alagoano cuja trajetória de vida honra e orgulha muito a nossa terra, e que merece de todos nós apoio, gratidão e reconhecimento”, escreveu Téo Vilela.

Um dos responsáveis pelas denúncias que resultaram na Operação Iscariotes, contra a Santa Casa de Maceió, em 2015, o jurista Adriano Soares da Costa também usou as redes sociais para condenar o que chamou de “imenso retrocesso” do desmonte de um trabalho bonito no Estado de Alagoas, responsável por iniciar os primeiros transplantes do coração e atender a população mais carente pelo SUS.

“É mais uma demonstração do modelo de gestão atualmente adotado, que expressa uma visão absolutamente equivocada e contrária à inspiração dos fundadores daquela entidade”, disse Adriano Soares.

Absurdo que dói

No programa Super Manhã, da Rádio AM 1020, pacientes e familiares daqueles que passaram pelos cuidados da equipe do IDC, na Santa Casa, lamentaram a notícia do Diário do Poder dada pelo jornalista Marcos Rodrigues. E se dispuseram a protestar nas ruas para que a Santa Casa recue da decisão de despejar o instituto.

Equipe de Jose Wanderley na Santa Casa (Foto: Divulgação)

“Meu filho passou por situação bem difícil, foi atendido pela equipe de doutor Wanderley e doutora Rafaela. Uma equipe maravilhosa e estou abalada com esta notícia de que eles estão sendo despejados, o que é um absurdo. Eles atendem muito bem, pode ser rico ou pobre. É um absurdo que dói”, desabafou no rádio dona Rosineide, cujo filho foi retirado da fila de transplante de coração, e curado pela equipe do IDC.

Paciente do IDC, o jornalista Ailton Villanova disse dever sua vida a José Wanderley Neto, ao condenar a iniciativa da Santa Casa, dizendo ser mais que lamentável, mas deplorável, tentar desmerecer o trabalho do cardiologista que engrandeceu, inclusive moralmente, o tratamento das doenças cardíacas em Alagoas.

“A Santa Casa de Misericórdia de Maceió, não é uma Casa de Negócios. Ela foi fundada para salvar vidas e tratar não apenas de doenças, mas também de oferecer carinho e amor aqueles que necessitam dos seus préstimos. A Medicina não foi feita para enriquecer financeiramente, quem quer que dela se utilize sem a pretensão apenas de exercer o sacerdócio de tratar doenças e salvar vidas”, disse Villanova.

O historiador e jornalista Geraldo Magela cobrou que a Santa Casa explicasse os reais motivos para o despejo, que considera uma barbaridade. E pediu apoio da sociedade civil, dos cidadãos alagoanos, conselhos de saúde, sindicato dos Médicos, Conselho Regional de Medicina. “Devem se pronunciar a respeito e cobrar do provedor da Santa Casa de Maceió [Humberto Gomes de Mello] o porque desse fato abominável perpetrado contra José Wanderley Neto e toda equipe e toda a sociedade alagoana”, declarou Magela.

Veja o que disse Geraldo Magela:

A indignação com a situação atravessou as divisas de Alagoas até Petrolina (PE), de onde o cirurgião cardíaco José Veríssimo, do Hospital Memorial, classificou a decisão de desmonte do IDC como um ato de insensibilidade e arbitrariedade da gestão da Santa Casa. “É lamentável. Que a sociedade se envolva nisso. Estamos com o senhor, professor, nessa causa”, disse Veríssimo, em vídeo enviado nas redes sociais.

Veja o depoimento de José Veríssimo:

A Santa Casa negou em nota o despejo do IDC e alegou estar fazendo uma reforma no prédio onde funcionava o instituto. Mas não disse se manteria a parceria com o IDC, ao garantir que não houve nem haverá redução de atendimentos ou cirurgias na Santa Casa. Além disso, negou que o instituto tenha feito atendimentos e procedimentos pelo SUS, enquanto o doutor Wanderley Neto afirma que 90% de todo o trabalho do IDC era pelo SUS.

O Diário do Poder não recebeu respostas para os contatos que fez para a assessoria de imprensa, desde a quarta-feira (13).

Veja as manifestações nas redes sociais:

https://www.facebook.com/adriano.soaresdacosta.3/posts/2107671996173971

 

Durante quatro anos, convivi diariamente com José Wanderley Neto, eu como governador de Alagoas e ele como meu vice….

Posted by Teotonio Vilela Filho on Thursday, June 14, 2018

Reportar Erro