Cumpriu obrigação

Deputado concluirá quase 30 anos de parlamento sem responder a processo judicial

Derrotado após oito mandato, Carimbão não atribui queda à denúncia de arcebispo

acessibilidade:
Deputado federal Givaldo Carimbão. Foto: Divulgação

Depois de passar oito mandatos consecutivos como parlamentar, com três eleições para vereador de Maceió (AL) e cinco vitórias para deputado federal por Alagoas, Givaldo Carimbão (Avante) não atribui sua derrota nas urnas à denúncia de que a pasta que comanda no governo de Renan Filho (MDB) estaria trocando por votos tratamento a dependentes químicos pobres. Ele alega apenas a falta de votos, ao destacar que conclui quase três décadas de vida pública sem responder a processo judicial.

Carimbão disse que escreverá um livro sobre os 30 anos de parlamento preservando a ficha limpa, quando foi questionado pelo Diário do Poder se atribuiria sua derrota à denúncia feita pelo arcebispo metropolitano de Maceió (AL) Dom Antônio Muniz Fernandes em janeiro de 2017.

“Vou escrever um livro sobre os 30 anos de mandato ininterruptos, sem responder a um processo em minha vida. Isso é fantástico e orgulha Alagoas. É o maior patrimônio que consegui fazer em minha vida. Honrei minha família, meus filhos, os amigos e a sociedade. Fui líder do presidente Lula, da presidente Dilma, enfrentei poderosos e saí respondendo a zero de processos. Isso não tem preço”, ressaltou Carimbão.

Para Carimbão, o motivo de sua derrota é simples e sem relação com a polêmica com a Igreja Católica: “Não deu. Faltou voto”. Ele destaca que não foi fácil fazer campanha sem recursos para investir. E considera que foi “um gigante em ter 55 mil votos”, gastando o que gastou: R$ 427 mil, sendo R$ 60 mil de recursos próprios, R$ 17,5 mil de doações e o restante do fundo especial de financiamento de campanha.

“Caiu a votação geral. Mas está tudo bem, em paz. Feliz porque Deus tem outro plano para mim… O melhor está para vir para mim”, concluiu Carimbão.

O arcebispo da Igreja Católica em Maceió acusou indiretamente Carimbão, que coordena a Frente Parlamentar Católica do Congresso Nacional, de pautar por critérios eleitorais a distribuição dos recursos públicos estaduais para o tratamento de dependentes químicos, na Secretaria de Prevenção à Violência. A pasta é comandada por indicados de Carimbão desde sua criação, no início do governo de Renan Filho (MDB).

“Não [atribui a derrota à denúncia], porque de um ano para cá a sociedade viu que não usei. Enfim. Eu julgo que números são números. Tive 8.700 votos em São Miguel dos Campos, agora tive 6 mil. Em Santana do Ipanema, também tinha tido mais votos. Em Palmeira dos Índios tinha tido quase o dobro dos votos. E em Delmiro Gouveia tive mais que o dobro dos votos, na eleição anterior”, pontuou.

O parlamentar cita o evengelho de São Paulo para afirmar que combateu o bom combate, mas não perdeu sua fé. E depois de pagar promessa em Aparecida do Norte, agradecendo pela jornada, pretende cuidar de seus negócios, em um colégio.

A penitência das urnas também atingiu seu filho e deputado estadual Carimbão Júnior (Avante-AL), no ano seguinte ao deputado federal defender Maria, mãe de Jesus Cristo, em uma confusão que encerrou uma audiência de comissão da Câmara dos Deputados, em que o parlamentar disse querer ver a mãe do ministro da Cultura Sérgio Sá Leitão exposta com as pernas abertas, tal qual foi Maria em cinco exposições artísticas patrocinadas com incentivos federais da Lei Rouanet.

Carimbão foi deputado federal por cinco mandatos consecutivos na bancada alagoana, de 1º de fevereiro de 1999 até hoje. E vereador em Maceió de 1989 a 1999, em três mandatos consecutivos.

Reportar Erro