Impunidade em Alagoas

Conselho de segurança cobra respostas para morte de fazendeiro de Murici

Vice do Conseg faz reclamação e deve fixar prazo para conclusão do caso Cristóvão Rodrigues

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Fazendeiro Cristóvão Rodrigues Silva desapareceu em 2017 e Conselho de Segurança quer respostas. Foto: Divulgação e Dicom TJAL

O vice-presidente do Conselho Estadual de Segurança Pública de Alagoas (Conseg/AL), Antonio Carlos Gouveia, decidiu provocar nesta semana o colegiado que fiscaliza os órgãos e agentes de segurança para apurar a falta de conclusão da investigação sobre o assassinato do agropecuarista de Murici (AL), Cristóvão Rodrigues Silva, desaparecido aos 61 anos em 3 de agosto de 2017 e encontrado carbonizado dentro de um carro, em um canavial do Pilar (AL), com o crânio perfurado a bala, em 27 de dezembro do ano passado. Uma reclamação por providência será formalizada e deve ser estabelecido prazo para conclusão do inquérito.

A informação sobre a formalização de uma reclamação por providências foi dada por Gouveia à reportagem, depois de o conselheiro de segurança ser questionado sobre a matéria do Diário do Poder que denunciou, na última sexta-feira (26), que as autoridades alagoanas calaram sobre a resolução do caso que não avançou, enquanto o assassino segue livre, dez meses depois de a Polícia Civil anunciar a elucidação do crime.

“Diante do registro [jornalístico], vou imediatamente abrir uma reclamação por providência, para cobrar resultado do inquérito”, disse o vice do Conseg, mais conhecido como Cacá Gouveia.

A medida acontece porque a sociedade vai se esquecendo do caso, e o mandante do crime não aparece, mesmo depois de o caso ter passado por duas comissões especiais de delegados. Mas depois de o caso voltar ao noticiário, o delegado-geral da Polícia Civil, Paulo Cerqueira, declarou à Gazetaweb que a demora para elucidação do assassinato do agropecuarista se deve ao fato do caso ser considerado de “grande complexidade”.

A primeira comissão de delegados foi designada para apurar o caso ainda quando o fazendeiro estava desaparecido, já em agosto de 2017, e era composta pelos delegados Mário Jorge Barros, Guilherme Iusten e Vinicius Ferrari. A outra comissão de delegados que ainda atua no caso é presidida pelo delegado Thiago Prado, que leu o questionamento do Diário do Poder sobre o andamento do inquérito e não respondeu, na última sexta.

Segundo o vice-presidente do Conseg, reclamações por providência em desfavor de delegados que descumprem metas estabelecidas pelo órgão são frequentes no âmbito do colegiado. E podem resultar em advertência até suspensão de atividades com retenção de percentual de vencimentos ou demissão, como forma de responsabilização do agente público. “Motivação” que objetiva evitar a morosidade nas apurações.

“Todos os procedimentos abertos no Conseg vão para um relator. Ali, podem se afastar agentes públicos integrantes da segurança pública, pode suspender salários, demitir a bem do serviço público. Qualquer tipo de informação recebida no Conseg pode ser aberto procedimento de ofício ou por solicitação de um conselheiro ou motivada por qualquer cidadão que faça o registro oficialmente. Já abri diversos por matérias e reportagens”, explicou o vice-presidente do Conseg.

O Diário do Poder ainda não obteve respostas para questionamentos enviados na última sexta para o presidente da comissão de delegados. O Ministério Público do Estado de Alagoas, que devem se manifestar sobre o caso, a partir do andamento do inquérito, disse à reportagem que tomou conhecimento de que foi pedida a quebra do sigilo telefônico de suspeitos.

“O promotor Silvio Azevedo, de Pilar, disse que recebeu a informação que foram realizados alguns pedidos de interceptação telefônica. O pedido foi realizado pela comissão de delegados que cuida do caso, inclusive o delegado titular de Pilar [José Carlos André dos Santos] faz parte dessa comissão. Ele ainda não foi informado do resultado do pedido, se foi concedido pela justiça, se já foi realizado. Ele vai em buscas dessa informação”, disse a assessoria de comunicação do MP de Alagoas.

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