Aposta nas urnas

Chefe do MP de Alagoas renuncia à carreira para disputar cargo de prefeito de Maceió

Alfredo Gaspar deixará o MP nesta segunda, em reunião do Colégio de Procuradores

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Deputado federal Alfredo Gaspar de Mendonca Neto renunciou à carreira no MPAL para disputar Prefeitura de Maceió (AL), em 2020. Foto: Ascom MPAL/Arquivo

O procurador-geral de Justiça de Alagoas, Alfredo Gaspar de Mendonça Neto, anunciará sua renúncia à carreira e ao comando do Ministério Público de Alagoas (MPAL) na próxima segunda-feira (2), para disputar o mandato de prefeito de Maceió (AL), nas eleições de outubro. O anúncio será feito durante a 2ª Reunião Extraordinária do Colégio de Procuradores de Justiça de Alagoas, na sede do órgão ministerial, no bairro do Poço.

A reunião de procuradores na qual Alfredo Gaspar anunciará sua decisão foi convocada pelo procurador-geral de Justiça em exercício Márcio Roberto Tenório da Albuquerque, que substitui o chefe do MPAL durante as férias. A convocação foi publicada no Diário Oficial Eletrônico do MPAL desta sexta (28), “com o objetivo de tratar de assuntos institucionais” do órgão comandado por Alfredo Gaspar desde 2017.

Em nome de seu sonho de fazer história na política alagoana, Alfredo Gaspar renunciará à aposentadoria e a mais 25 anos que teria de uma carreira ativa, que foi marcada pelo combate a organizações criminosas em Alagoas.

Sua candidatura terá o apoio do prefeito Rui Palmeira (sem partido) e do governador Renan Filho (MDB).

A trajetória de denúncias contra criminosos – de pistoleiros a bandidos de colarinho branco – levou o procurador a presidir, desde agosto de 2018, o Grupo Nacional de Combate às Organizações Criminosas (GNCOC), colegiado que integra o Conselho Nacional de Procuradores-Gerais (CNPG), composto por membros dos Ministérios Públicos Estaduais e da União. À frente do GNCOC, Alfredo Gaspar comandou operações nacionais contra facções, cumprindo mandados de prisão contra peças chave da criminalidade nacional.

Alfredo Gaspar de Mendonça Neto chefia o MP de Alagoas. Foto: Márcio Ferreira/Agência Alagoas/Arquivo

Estreia na política adiada

A renúncia de Alfredo Gaspar chega com dois anos de atraso, já que o chefe do MPAL estava prestes a deixar sua carreira em 2018, para consolidar candidatura a senador, como uma das maiores ameaças à reeleição do ex-presidente do Senado, Renan Calheiros (MDB-AL).

Há dois anos, Alfredo Gaspar desistiu de oferecer seu nome aos eleitores alagoanos, ao lidar com as dificuldades da política partidária, que não lhe deu a segurança necessária para a disputa; principalmente quanto à indefinição de uma chapa majoritária de oposição, após o prefeito Rui Palmeira abortar sua pré-candidatura a governador contra a reeleição de Renan Filho.

Antes de assumir a chefia do Ministério Público de Alagoas, Alfredo Gaspar foi secretário de segurança pública de Alagoas, no primeiro ano e três meses do governo de Renan Filho (MDB), quando deu início a uma redução histórica da violência em Alagoas. Mas disse publicamente não aceitar ser adjetivado como “cria” ou “traidor” do clã Calheiros, ao afirmar ter trabalhado com lealdade àquela gestão e ao povo alagoano.

Sob a gestão de Alfredo Gaspar desde 2017, o MP de Alagoas intensificou operações contra gestores públicos, processando e condenando e até prendendo prefeitos em flagrante, em operações que contaram com a presença do procurador-geral de Justiça em Alagoas na linha de frente.

Alfredo Gaspar também coordenou o fechamento de todos os lixões de Alagoas, na vanguarda do Norte e Nordeste do País. Atuou na Justiça a favor das vítimas do desastre geológico causado pela extração de sal-gema pela Braskem, em quatro bairros de Maceió. E chegou a convencer o Judiciário a destinar a hospitais públicos cerca de 5 mil tipos de medicamentos apreendidos na deflagração da Operação Placebo, em 2018, contra a sonegação de R$ 197 milhões em impostos na comercialização de remédios e insumos hospitalares para Alagoas.

Alfredo Gaspar ainda não revelou por qual partido deverá disputar eleição. E só tratará das questões partidárias publicamente, após deixar o cargo no MPAL.

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