Roteirista genial

Cacá Diegues é eleito novo imortal da Academia Brasileira de Letras

Novo imortal recebeu 22 dos 35 votos e ocupara a cadeira 7, do patrono Castro Alves

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O cineasta Cacá Diegues ocupa a cadeira 7 da Academia Brasileira de Letras. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O cineasta Cacá Diegues foi eleito hoje (30) para ocupar a cadeira número 7 da Academia Brasileira de Letras (ABL), que teve Castro Alves como patrono. O novo imortal recebeu 22 dos 35 votos, em uma disputa que teve candidata com uma legião de apoiadores em campanha na internet, fato incomum nos processos de escolha.

O principal concorrente do cineasta alagoano, foi o colecionador de manuscritos e pesquisador Pedro Corrêa do Lago, que obteve 11 votos. E a escritora Conceição Evaristo, que provocou a participação popular na eleição com votação secreta, recebeu apenas um voto.

Cacá sucede o também cineasta Nelson Pereira dos Santos, 89, que morreu em abril com com um tumor no fígado e que dirigiu filmes centrais da história brasileira, como “Rio, 40 Graus” (1955) e “Vidas Secas” (1963).

Assim como Pereira dos Santos, Cacá e um dos expoentes e hoje o grande sucessor do cinema novo, movimento de renovação estética que a partir dos anos 1960 buscou discutir questões mais urgentes e contemporâneas da situação brasileira.

‘Grande alegria’

O presidente da ABL Marco Lucchesi avaliou como uma grande alegria a eleição do cineasta Carlos Diegues, o Cacá Diegues.

“As virtudes do Cacá Diegues coincidem com o sucesso de bilheteria, com o reconhecimento da crítica e um grande escritor, porque Cacá Diegues é também um grande escritor na qualidade dos seus próprios roteiros. Representa, de uma certa forma, uma saudação circunstancial à saudade do nosso querido Nelson Pereira dos Santos”, disse Lucchesi.

O diretor Cacá Diegues já concorreu três vezes à Palma de Ouro, principal prêmio do Festival de Cannes. A primeira vez foi com “Bye Bye Brasil” (1980), um de seus grandes sucessos. Ele retornou à mostra neste ano com a exibição, fora da disputa, de “O Grande Circo Místico”.

O novo filme baseado na obra do também alagoano Jorge de Lima tem previsão de estreia marcada para 6 de setembro. Em entrevista à Folha durante o festival, ele disse que seu longa é um retorno ao “barroco”, “que estava esquecido e que é uma das bases da nossa cultura”.

Com mais de 20 longas no currículo, o diretor também lançou “Joana Francesa” (1973), “Xica da Silva” (1976), “Orfeu” (1999) e “Deus É Brasileiro” (2003).

Em 2014, ele lançou a autobiografia “Vida de Cinema”, que repassa momentos marcantes de sua carreira, como sua relação com os também cineastas Glauber Rocha e Joaquim Pedro de Andrade.

Mobilização frustrada

A campanha a favor de Conceição Evaristo mobilizou apoiadores na internet e reuniu 25 mil assinaturas pedindo a escolha da autora de “Ponciá Vicêncio”, para que ela fosse a primeira mulher negra a entrar para a ABL.

À exceção de Domício Proença Filho, a academia é composta majoritariamente por brancos –mas vale lembrar que já houve outros homens negros, como Machado de Assis, um de seus fundadores, e João do Rio. (Com informações da Folhapress e Agência Brasil)

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