Intervenção apoiada

Bruno Araújo atesta destituição de deputada do comando do PSDB de Maceió, por senador

Presidente nacional do PSDB aprova decisão do senador Rodrigo Cunha de apear Tereza Nelma

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Presidente Nacional do PSDB Bruno Araújo. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

As acusações de autoritarismo e machismo direcionadas ao senador Rodrigo Cunha (PSDB-AL) pela sua decisão de destituir a deputada federal Tereza Nelma da presidência do diretório tucano da capital alagoana não foram acolhidas pela cúpula nacional do partido. O presidente nacional do PSDB, Bruno Araújo, literalmente assinou embaixo das medidas do senador que preside o partido em Alagoas, ao oficializar ontem (8) apoio à posição de Rodrigo Cunha.

A destituição de Tereza Nelma foi definida em meio a uma guerra interna entre a deputada e o senador pela indicação do vice da candidatura a prefeito de Maceió na chapa encabeçada pelo deputado federal João Henrique Caldas, o “JHC” (PSB-AL). Mas a vaga de vice de JHC deve ficar com o ex-governador Ronaldo Lessa (PDT-AL).

Através de ofício encaminhado ao senador e à assessora parlamentar de seu gabinete Karolina Azevedo, nomeada nova presidente do PSDB em Maceió, em comissão provisória, Bruno Araújo aprovou a medida drástica de dissolver o diretório tucano, com base em “vícios insanáveis” cometidos sob o comando de Tereza Nelma.

No documento, o presidente nacional do PSDB concorda com a “análise da conjuntura política no município e situação das potenciais alianças com outros partidos e candidatos às eleições majoritária no município de Maceió”. E atesta que as medidas do senador Rodrigo Cunha sobre a posição partidária em Maceió cumpre exigências do Artigo 2º,  da Resolução da Comissão Executiva Nacional do PSDB (CEN-PSDB 05/2020), publicada em 02 de abril.

“A manifestação do presidente nacional do PSDB, Bruno Araujo, demonstra que a atuação do diretório estadual do partido em Alagoas seguiu à risca o estatuto e todo o regramento partidário. Não houve portanto qualquer viés autoritário ou persecutório por parte do diretório estadual de Alagoas, que apenas fez cumprir os preceitos internos para manutenção e observância da democracia partidária”, disse o senador Rodrigo Cunha, ao Diário do Poder.

Deputada Tereza Nelma e o senador Rodrigo Cunha formam a bancada do PSDB de Alagoas no Congresso. Foto: Victor Freitas

Candidatura própria ou aliança

Bruno Araújo cita o Artigo 2º, inciso II e §1º e §2 da Resolução CEN-PSDB 05/2020, como critérios cumpridos pelo senador Rodrigo Cunha, ao destituir Tereza Nelma. Em suma, ele aprova a constituição da comissão provisória de Maceió, atestando a regularidade de todas as filiações e a total legalidade dos atos partidários praticados. Bem como aprova a possibilidade do PSDB lançar candidatura própria, bem como seguir o caminho de formalizar alianças com outros partidos para a majoritária.

Veja o que diz a resolução, com base na qual o prefeito Rui Palmeira deixou o PSDB no primeiro semestre, quando defendia uma candidatura própria, enquanto o senador Rodrigo Cunha defendia a aliança com JHC.

Art. 2º. A composição de chapa às eleições majoritárias e nos municípios, seja com candidatura exclusiva de filiados, ou em celebração de coligações, ficam submetidas a aprovação da Comissão Executiva Nacional, da Comissão Executiva Estadual ou da Comissão Provisória Estadual correspondente, sendo que o seu anúncio e formalização depende da respectiva anuência, observado os seguintes critérios:

[…] II – O lançamento de candidatos à prefeito e/ou celebração de coligação, nos 5 (cinco) municípios de maior eleitorado de cada estado e naqueles com mais de 100.000 (cem mil) eleitores, bem como nos que tenham geração de programa de televisão será, obrigatoriamente, precedido de autorização da Comissão Executiva Nacional e/ou de seu Presidente Nacional ad referendum.

§ 1º. O presidente da Comissão Executiva Municipal correspondente fica obrigado a manter, desde logo, a Comissão Executiva Nacional informada das iniciativas que objetivem o disposto no inciso II deste artigo.

§ 2º. A Comissão Executiva Nacional atuará, em sintonia com as direções estaduais, na escolha de pré-candidatos, bem como na homologação das candidaturas e celebração de coligação, consideradas as diretrizes nacionais estabelecidas.

Disputa interna e vícios

O senador pretendia indicar para vice de JHC o nome de Herman Braga, diretor do bloco pré-carnavalesco Pinto da Madrugada. Nelma queria uma mulher tucana, que seria sua filha, Teca, mas passou a ser Adriana Toledo. Foi neste contexto que o senador tucano constituiu Comissão Provisória Municipal do PSDB em Maceió, evocando princípios de autonomia e transparência dos atos partidários.

A reportagem fez contato com a deputada Tereza Nelma, e ela afirmou não ter recebido, até a noite dessa quarta, nenhum comunicado do presidente Nacional do PSDB.

“Duvido que ele tenha feito julgamento sem ouvir a Comissão Executiva Nacional, da qual faço parte. Além disso, o Estatuto disciplina casos complexos como esse. Se ele se baseou no parecer do inexistente Departamento Jurídico da Executiva Estadual, está muito mal informado. A quase totalidade do que afirma o documento assinado pelo senador Rodrigo Cunha é falso. A notícia que li – e que a Direção Estadual está colocando nas redes sociais – é tortuosa, afirma e nega. Assim, vou esperar o contato direto que farei com o presidente do PSDB. Tenho certeza que ele não negará o direito constitucional à defesa. O que foi negado aqui [em Maceió]”, disse Tereza Nelma.

Na semana passada, quando foi destituída, ela acusou em nota o senador Rodrigo Cunha de valer-se do machismo e do autoritarismo, para promover sua destituição motivada pela disputa pela indicação do vice de JHC. Leia mais aqui.

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