Alvo de denúncias, provedor da Santa Casa de Maceió se esconde
Humberto Gomes de Melo se esconde atrás de assessores e notas
O provedor da Santa Casa de Misericórdia de Maceió, Humberto Gomes de Melo, que é o autor das medidas responsáveis pelo desmonte do Instituto de Doenças do Coração (IDC), não vem para se pronunciar e se esconde por trás de declarações de assessores e de notas controvertidas para desmentir o que o médico cardiologista José Wanderley Neto não disse, quando este denunciou o despejo da entidade que formou mais de 80 cardiologistas com técnicas que inovaram o atendimento a pacientes pobres do Sistema Único de Saúde (SUS).
A última iniciativa de Humberto Gomes de Melo foi constranger 31 integrantes do Serviço de Cardiologia da Santa Casa de Maceió, para “assinar” uma nota que desmente o que não foi dito, ou seja, que José Wanderley Neto teria afirmado que suspenderam os atendimentos do SUS.
O provedor ainda não assumiu publicamente suas responsabilidades sobre a decisão de aniquilar o instituto que foi, durante 40 anos, um centro de referência nacional de educação continuada na cardiologia, que formava profissionais, criou conceitos inovadores e pôs Alagoas no mapa científico brasileiro.
Ainda não reconhecida publicamente pelo provedor que o despejou da Santa Casa, a atuação do IDC mudou a lógica do atendimento a cardiopatas pobres alagoanos, que deixaram de morrer nas últimas quatro décadas, por não ter dinheiro para ir a São Paulo e a outros grandes centros e ter a única e inacessível chance de sobrevivência.
É fato que equipes com os mais de 80 profissionais formados e treinados pelo IDC realizaram mais de um milhão de atendimentos, 20 mil cirurgias, 44 transplantes, na Santa Casa, 90% deles pelo SUS.
Humberto Gomes de Melo adotou a estratégia de se esconder, mas tem a obrigação, enquanto gestor de entidade filantrópica, de vir a público para responder o que não consegue explicar. Certamente, a tarefa é menos conveniente do que a de desmentir o que não foi dito.
De algumas verdades não se pode fugir: o desejo e a decisão do provedor e foi estancar a fonte perene de avanço na atenção especializada aos doentes cardíacos pobres alagoanos. E quem alertou e pediu socorro à sociedade foi José Wanderley Neto.