DISPUTA COM PARTICULARES

Alunos de Medicina da Ufal perdem espaço para estagiar no SUS, em Alagoas

Vagas para estágio estão sendo ocupadas por alunos de faculdades privadas

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Corredor do Hospital Geral do Estado HGE em Alagoas (Reprodução TV Gazeta)

Estudantes do curso de Medicina da Universidade Federal de Alagoas (Ufal) denunciam a diminuição de vagas para estágio em hospitais da rede estadual que atendem pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A reclamação dos acadêmicos é de que estudantes de faculdades privadas estariam sendo priorizados na ocupação das vagas através de “convênios de exclusividade” junto às unidades de saúde.

Os alunos citam o Artigo 13, Inciso III da Portaria Interministerial Nº 1.127/2015, em que os ministérios da Saúde e da Educação afirmam que compete à gestão da saúde estadual e municipal priorizar as instituições de ensino públicas nos cenários de prática nos quais serão desenvolvidas as atividades acadêmicas, conforme preceitos do SUS. A denúncia foi tema de reportagem da Gazetaweb, nesta terça-feira (12).

“As áreas de prática do SUS estão sendo retiradas aos poucos das universidades públicas e cedidas às faculdades particulares. Mas, as faculdades deveriam ter seus hospitais escolas, existem muitos cursos de Medicina no estado, porém não existe campo de prática suficiente para todos”, disse Wanderlyza Coutinho, integrante da coordenação de Políticas Públicas do Centro Acadêmico do curso de Medicina da Ufal.

A reportagem de Patrícia Mendonça narra que, na segunda-feira (11), a coordenação de Internato da Ufal recebeu uma carta que informa as novas condições de plantões aos acadêmicos no Hospital Nossa Senhora da Guia, que a partir do segundo semestre de 2018 e o primeiro de 2019 terá os leitos distribuídos para alunos dos cursos de Medicina de instituições públicas e de uma faculdade particular.

A carta diz que os plantões dos alunos da Ufal durante o dia serão realizados somente no período noturno e os plantões do turno diurno serão feitos por acadêmicos da faculdade particular. Os estudantes alegam que o aprendizado no turno da noite é deficiente, já que os profissionais, geralmente, estão mais cansados pela rotina do dia e ficam indispostos a repassar o conhecimento.

O coordenador de Internato da Ufal, João Klínio, informou à Gazetaweb que ainda deve se reunir com a direção do curso para tratar do assunto. “Certamente, vamos tentar negociar para manter os estágios”, disse Klínio, ao afirmar que o problema seria resolvido se as faculdades criassem hospitais escolas e seus próprios campos de atuação, assim como a Ufal tem seu Hospital Universitário.

Estadual também sofre

O coordenador administração do Diretório Acadêmico da Universidade de Ciências da Saúde de Alagoas (Uncisal) indica que novas manifestações podem vir a ocorrer. “Ano passado já perdemos espaço, a Ufal só está começando a perder agora e estamos preocupados com essa redução. Estamos correndo o risco de perder o aprendizado em determinadas áreas”, afirmou Cláudio Santos.

“A maior vítima de tudo isso é a sociedade, que vai ter profissionais mal formados, tanto das universidades públicas quanto das particulares. Nós não teremos a quantidade de prática suficiente”, conclui a aluna da Ufal, Patrícia Soares. (Com informações da Gazetaweb)

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