Alagoas vive epidemia de leishmaniose visceral, e crianças são principais vítimas
Este ano, dobraram os casos da doença transmitida pelo mosquito palha
O Conselho Regional de Medicina de Alagoas (Cremal) alertou que o Estado vive uma epidemia de Leishmaniose Visceral, doença infecciosa grave conhecida como Calazar, que já registrou 63 ocorrências de janeiro até 15 de agosto, superando o dobro de casos registrados no ano passado. As principais vítimas têm sido crianças do Sertão de Alagoas.
O presidente do Cremal, médico Fernando Pedrosa, informou que a entidade está monitorando o avanço da doença que pode matar. Ele reforça que profissionais da saúde precisam ficar atentos.
“Nós estamos com epidemia de leishmaniose visceral, que é aquela que mata, que atinge fígado, baço. Temos mais de 60 casos no Estado. A gente já vem trabalhando isso, com treinamento das equipes para que não ocorram os óbitos”, afirmou o infectologista, em entrevista à Gazetaweb.
A Secretaria de Estado da Saúde (Sesau) confirmou a quantidade de registros da doença este ano e informou que no mesmo período, no ano passado, houve apenas trinta casos.
“Em razão desse aumento de casos, a Sesau está monitorando os municípios com aumento e capacitando as equipes municipais, para que o diagnóstico seja em tempo oportuno”, informa a nota da Sesau.
Um dos municípios com casos é Estrela de Alagoas, que já tem onze registros confirmados da doença este ano, seguido de Palmeira dos Índios, com oito.
“Diagnosticando cedo, tem como tratar. É uma doença grave. Tem um fator de letalidade de 10% mais ou menos e a gente está querendo reduzir isso. É epidemia porque quando aumenta o número de casos acima do esperado, já podemos chamar de epidemia. O poder público tentar minimizar, mas minimizar uma coisa importante como essa não ajuda. A divulgação é que vai fazer com que a gente trate as pessoas e as equipes no interior fiquem atentas”, disse o presidente do Cremal.
Fernando Pedrosa diz que o Cremal está acompanhando os municípios que têm casos, treinando as equipes de saúde. “Temos vários municípios com casos de leishmaniose. A doença é de notificação compulsória. A secretaria estadual faz estatística e a gente acompanha. É uma doença que tem predominado em crianças”, explicou.
O presidente do Cremal lembra que a suspeita vai pelo quadro febril prolongado e crescimento do baço. “A leishmaniose visceral ocorre historicamente no Litoral e no Sertão, mas hoje os casos estão concentrados no Sertão. Profissionais de saúde, médicos e agentes de saúde precisam ficar atentos ao perceberem a doença para encaminhar os pacientes aos postos de saúde e também ao Hospital Hélvio Auto para fazer os exames e iniciar o tratamento”, conclui.
Sintomas e transmissão
A Leishmaniose Visceral é uma doença infecciosa sistêmica, caracterizada por febre de longa duração, aumento do fígado e baço, perda de peso, fraqueza, redução da força muscular, anemia e outras manifestações. “Os agentes de saúde devem encaminhar os pacientes para os médicos da Atenção Básica, que posteriormente fazem o encaminhamento para o Hospital Escola Hélvio Auto, referência no tratamento em Alagoas”, conclui a nota da Sesau.
O portal do Ministério da Saúde esclarece que os transmissores são insetos conhecidos popularmente como mosquito palha, asa-dura, tatuquiras, birigui, dentre outros. Estes insetos são pequenos e têm como características a coloração amarelada ou de cor palha e, em posição de repouso, suas asas permanecem eretas e semiabertas. A transmissão acontece quando fêmeas infectadas picam cães ou outros animais infectados, e depois picam o homem, transmitindo o protozoário Leishmania chagasi. (Com informações da Gazetaweb)