Prioridade eleitoral

Alagoas lidera desemprego no Brasil, e Renan Filho prioriza filho de deputado na pasta

Estado extinguiu 18,9 mil vagas em 2019, enquanto o Brasil acumula saldo positivo pelo 5º mês

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Governador Renan Filho com o deputados Nivaldo Albuquerque e Antonio Albuquerque e o secretário do Trabalho de Alagoas Arthur Albuquerque. Foto: Facebook

O desempenho pífio da geração de emprego em Alagoas demonstra que faltam ao governador Renan Filho (MDB) competência e vontade política de reverter em justiça social o ajuste fiscal que mantém o estado em situação relativamente confortável entre as demais unidades da federação em crise. É o que evidenciam os dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) que expõem Alagoas no topo do ranking nacional de desemprego nos primeiros oito meses de 2019. Mas o critério eleitoral resiste no comando da política pública.

Enquanto o Brasil melhora a geração de emprego pelo 5º mês consecutivo, Alagoas registrou retração de 5,37% de janeiro a agosto, em relação ao mesmo período de 2018, com a extinção de 18.921 vagas com carteira assinada.

As diversas variáveis econômicas e sociais decorrentes de escândalos políticos nacionais vividos nos últimos anos não explicam melhor o atual quadro de descaso com a geração de empregos para os alagoanos quanto a priorização da política eleitoral e partidária que mantém, desde fevereiro de 2017, Arthur Albuquerque à frente da Secretaria do Trabalho e Emprego de Alagoas (Sete).

O desemprego que já naquele mês alcançou o pior nível de desemprego em 12 anos não evitou que a pasta fosse objeto de uma jogada eleitoral, objetivando a reeleição do governador em 2018, com a nomeação para o cargo que paga R$ 20 mil mensais de um secretário que registrava seu primeiro emprego aos 26 anos, sem ter nenhuma formação profissional ou acadêmica à época.

O jovem secretário é cotado para disputar a Prefeitura de Limoeiro de Anadia (AL), reduto político da família Albuquerque, onde o clã sofreu três derrotas consecutivas, em 2008, 2012 e 2016.

Os dados do Caged demonstram que o fator que mantém Arthur Albuquerque no comando desta política pública é o fato de o jovem ter permanentemente no currículo a experiência de viver com uma árvore genealógica com o deputado estadual Antônio Albuquerque como pai e o deputado federal Nivaldo Albuquerque como irmão, ambos do PTB.

O resultado é trágico para os jovens alagoanos sem parentes com mandato. E manteve Alagoas no topo do desemprego dos primeiros oito meses de 2019, mesmo tendo o estado registrado, em agosto, uma alta de 1,06%, na comparação com o mês anterior, com a criação de 3.498 postos formais de trabalho, resultado de 11.980 admissões e 8.482 desligamentos.

Contramão

Em agosto, o Caged registrou mais 121.387 vagas adicionais no mercado de trabalho do Brasil, um crescimento de 0,31% em relação ao mês anterior; o melhor resultado para o mês desde 2013. O Brasil acumulou em 2019 a criação de 593.467 novos postos de trabalho, uma variação de 1,55% em relação ao ano anterior, quando foram criados 568.551 empregos.

O estado de Pernambuco tem o segundo com pior índice de desemprego, com a extinção de 12.566 vagas formais em 2019. Na sequência, estão Sergipe, com menos 4.416 postos de trabalho, Ceará, com menos 1.423; Rio Grande do Norte, menos 642; e o Amapá; com menos 223.

A maior geração de emprego foi obtida pelo estado de São Paulo, com a criação de 210.086 novas vagas. Seguidos de Minas Gerais, 106.798; Santa Catarina, 60.322; Paraná, 49.704, e Goiás, 35.464.

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