Pela primeira vez

Acadêmicos do Tatuapé é a grande campeã do carnaval paulista

Águia de Ouro e Nenê de Vila Matilde são rebaixadas

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Com 269,70 pontos, a Acadêmicos do Tatuapé se sagrou, pela primeira vez, a campeã do Grupo Especial do carnaval paulistano em 2017, em uma decisão que só ocorreu na última nota do último quesito, o samba-enredo. A escola, que desfilou na primeira noite, na sexta-feira, 24, levou para a avenida a celebração dos povos da África. O enredo é intitulado "Mãe África conta a sua história: Do Berço Sagrado da Humanidade à Terra Abençoada do Grande Zimbabwe".

A mesma quantidade de pontos foi obtida pela Dragões da Real, que perdeu o título no critério de desempate. As duas escolas estavam sentadas lado a lado durante a apuração das notas. A Vai-Vai chegou em terceiro lugar. Com 268,10 e 268,20 pontos, Águia de Ouro e Nenê de Vila Matilde, respectivamente, foram rebaixadas ao grupo de acesso. 

No anúncio das últimas notas de samba-enredo, quando a Dragões estava à frente, os membros da Tatuapé já rezavam e choravam abraçados em círculo. Ao ser anunciado o primeiro lugar, os integrantes da escola vencedora gritavam "Obrigada, meu Deus" e diziam "Eu não acredito".

O presidente da escola Eduardo dos Santos comemorou: "Foi uma vitória do nosso povo, da garra da nossa comunidade. Para nós é sempre assim, na raça, é no último minuto. Nós acreditamos". Santos classificou a escola como "perfeita" e "equilibrada." "O povo africano que sofre com doença, guerra, dor, fome e miséria. Mas ninguém faz uma festa, uma dança e um colorido como eles", afirmou no discurso de vitória. 

Santos agradeceu ainda à "força, garra e comprometimento" dos 2,6 mil componentes. A Tatuapé é a 31.ª campeã na história da Liga de São Paulo, organizadora do carnaval no Anhembi. No início da noite, os diretores seguiam com o troféu em mãos para comemorar na quadra da escola, na zona leste da capital.

Um dos destaques do desfile havia sido o penúltimo carro alegórico da escola, com crianças e integrantes da velha guarda, que contagiaram o público. O desfile durou uma hora e um minuto. Em 23 de abril do ano passado, dia de São Jorge, a escola definiu o enredo de 2017. O projeto é o primeiro do carnavalesco Flávio Campello na Tatuapé. Ele substituiu Mauro Xuxa, que assinou os últimos cinco desfiles.

Fundada em 1952, com o nome de Unidos de Vila Santa Isabel, a escola da zona leste teve uma trajetória de glória nos últimos anos. Após um jejum de seis carnavais, a Tatuapé voltou ao grupo especial em 2013. No ano passado, com homenagem à fluminense Beija-Flor de Nilópolis.

Neste ano, teve como intérprete oficial Celsinho Mody, trouxe o Mestre Higor à frente da bateria e teve como rainha Andrea CApitulino. "Nossa proposta é exaltar o berço da humanidade, a mãe África. É lembrar que os negros chegaram aqui no Brasil e trouxeram com eles a origem do nosso samba, o samba de rua", disse Flávio Campello em posicionamento oficial antes do desfile. (AE)

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