Quem cala consente?

A opinião dos políticos sobre as declarações de Gilmar Mendes

Da classe política do DF poucos tiveram coragem de falar

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Durante o julgamento do recurso de José Roberto Arruda (PR), enquanto defendia sua posição no plenário do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), o ministro Gilmar Mendes fez duras críticas à classe política do Distrito Federal. De forma genérica, afirmou que a política no Distrito Federal é ?rastaquera? e ainda assegurou que devido aos sucessivos escândalos e o comportamento geral dos políticos ?o Distrito Federal não tem sequer dignidade para ter autonomia política?.

Sobre essas afirmativas, o cientista político João Paulo Peixoto disse que apesar de fortes, existe um embasamento ?devido ao pouco tempo de autonomia que o Distrito Federal tem e ao histórico de escândalos, tivemos dois senadores que renunciaram para evitar a cassação e o primeiro senador cassado no país, por isso existe espaço para esse tipo de declaração”. Peixoto lamenta que o DF apesar de ser uma unidade nova, que deveria ser exemplo de modernização na política, já tem vícios políticos.

O Distrito Federal ganhou sua autonomia política em 1988. Apesar do pouco tempo alguns escândalos ganharam as páginas dos jornais de todo o país, como por exemplo, o caso da ?Bezerra de Ouro?, da violação do painel eletrônico do Senado, Operação Aquarela, Caixa de Pandora e o Mensalão do DEM.

Devido à gravidade das declarações do ministro Gilmar Mendes, o Diário do Poder, procurou alguns políticos que compõem a classe criticada, para saber quais são as suas opiniões, mas somente dois quiseram se pronunciar.

O presidente da Câmara Legislativa do Distrito Federal, Wasny de Roure (PT) disse que respeita muito a desenvoltura do ministro, mas que as suas declarações foram infelizes, principalmente porque Brasília é a cidade que Gilmar Mendes escolheu para morar. ?As afirmações generalizaram toda a classe, sendo um desrespeito aos políticos que têm uma carreira séria?, afirmou. O deputado acredita que  Brasília merece uma explicação do ministro, que apesar de ter feito tais declarações, foi o único voto contra a impugnação de José Roberto Arruda.

Quem também deu sua opinião sobre as afirmações de Gilmar Mendes foi o deputado distrital Joe vale (PDT).  ?Acredito que sobre a questão jurídica ele sabe muito, até porque é ministro, mas como tal deveria saber que tratar de forma igual os desiguais é injusto?.  E completou ?Nesse sentido, ele tem uma opinião equivocada, como exemplo podemos falar da Câmara Legislativa que foi a primeira a terminar com o 14º e 15º salários dos deputados?. Joe Vale afirmou que declarações desse tipo chegam a desmotivar quem tem um nome a zelar. ?Na política toda vez que alguém do bem sai alguém do mal entra?, destacou.

Já os outros parlamentares que também foram questionados, como a deputada Federal Erika Kokay (PT), deputado Federal Geraldo Magela (PT), deputado Distrital Dr. Michel (PP), deputado distrital Chico Leite (PT) e a deputada distrital Eliana Pedrosa (PPS), não quiseram comentar.  Resta saber se por temor ou por endossar a opinião de Gilmar Mendes.

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