Momento de cautela

“A democracia vai nos tirar dessa chuva ácida”, diz Ayres Britto

Para o ex-presidente do STF, se o eleitor votar errado, será, ao mesmo tempo, "vítima e cúmplice de sua própria desgraça"

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Ayres Britto, que foi ministro do Supremo Tribunal entre 2003 e 2012, diz que acredita num novo país, um Brasil unido

O ministro aposentado do Supremo Tribunal Federal (STF) Carlos Ayres Britto destaca a importância do voto e do papel dos brasileiros no processo eleitoral, em entrevista ao programa Conversa com Roseann Kennedy, que vai ao ar nesta segunda-feira (15) às 21h15, na TV Brasil. “O eleitor tem o dever de livrar essa respeitável senhora de nome política das más companhias, senão vai votar errado e será, ao mesmo tempo, vítima e cúmplice de sua própria desgraça”, ressalta.

Ayres Britto, que foi ministro do Supremo Tribunal entre 2003 e 2012, diz que acredita num novo país, um Brasil unido. “A democracia vai nos tirar dessa chuva ácida, vai nos salvar. Sou um otimista e não estou delirando.”

Apesar de esperançoso, o jurista pondera que o momento é de ter cautela e afirma que vê ameaça às instituições. “Vejo [ameaça às instituições]. O brasileiro tem esse viés, esse desvio de colocar as instituições debaixo do braço e roubar a cena delas”, diz. “Acho que a democracia é o melhor arquiteto, é o melhor engenheiro, o melhor mestre de obras, no sentido de arquitetar as instituições, porque as instituições são o reino da impessoalidade”, completa.

Sobre a possibilidade de se elaborar uma nova constituição – fato já descartado pelos dois candidatos neste segundo turno, Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL) – Ayres Britto declara: “Tremo nas bases [quando falam em nova Constituição]. Nenhuma Constituição que se dê ao respeito dispõe dos seus próprios funerais”, disse. “Povo civilizado é o que gravita em torno de instituições”, acrescenta.

O ex-ministro destacou a autonomia do Judiciário e a responsabilidade das ações do Supremo. “Instrumentalmente, o maior de todos os direitos é bater as portas do judiciário, porque esse judiciário é a luz da Constituição. É autônomo, politicamente independente, transparente”, disse. “O Supremo não pode falhar. Não é poder de errar por último. É o dever, o poder e a responsabilidade de acertar por último”, completou.

Ayres Britto é jurista, conferencista, poeta e autor de diversos livros. A proximidade com as artes renderam-lhe votos firmes e poéticos. (ABr)

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