Temer disse que o Brasil não vai fechar fronteiras com a Venezuela e afirmou que agora que veio pessoalmente ao Estado é possível ter uma visão mais real do problema da imigração, que, segundo ele, vai chegar aos estados restantes do país. Entre as medidas mais urgentes, o presidente prometeu dobrar número de militares na fronteira e instalar um hospital de campanha para atender as necessidades dos refugiados.
“Os venezuelanos vão criar problemas para outros estados brasileiros se não tomarmos providências. Este é o aspecto principal. Precisamos preservar as fronteiras e os empregos dos brasileiros, mas não podemos deixar de receber os refugiados que vem para cá em situação de miserabilidade absoluta“.
O presidente garantiu que vai liberar os recursos necessários para organizar e conter o avanço da migração. “Essa força tarefa vai atuar de forma imediata. Os ministros de governo estão avisados. Vamos liberar o dinheiro necessário para resolver o problema”.
Durante a reunião, que ocorre a portas fechadas, um protesto reúne cerca de 300 pessoas contra a privatização da Eletrobras e a falta de políticas do governo federal para Roraima, que sofre com apagões constantes por não estar ligado ao Sistema Energetico Nacional, e contra a imigração desordenada de venezuelanos.
Antes do encontro, Suely Campos pediu em discurso que o governo federal tome medidas a favor de Roraima no contexto da crise dos refugiados. Segundo ela, o crime organizado está se aproveitando da vulnerabilidade dos venezuelanos para trazer drogas e armas ao Estado. “Existe a conexão com o crime organizado comandado por venezuelanos, entrando na esfera da segurança nacional”, afirmou.
Suely entregou um documento com 11 medidas que pretendem minimizar o impacto causado pelo alto número de imigrantes venezuelanos que chegaram a Roraima nos últimos meses.
Entre as propostas estão o aumento de efetivo da Polícia Federal (PF) e da Polícia Rodoviária Federal (PRF), além da atuação do Exército brasileiro no policiamento ostensivo em Pacaraima, cidade que faz fronteira com a Venezuela.
Além disso, foram propostas ações mais rigorosas de controle de entrada de pessoas pela fronteira e a doação de veículos e equipamentos para aprimorar o trabalho das forças de segurança de Roraima.
O Brasil é o segundo principal destino da diáspora venezuelana, provocada pelo agravamento da escassez de remédio e alimentos no país, afetado por uma hiperinflação que neste ano deve chegar a 13.000%.
Travas
A Colômbia, que comparte com a Venezuela uma fronteira de 2.200 quilômetros, já recebeu 500 mil venezuelanos desde o agravamento da crise, a partir de 2014.
Autoridades colombianas, que esperam que esse número dobre ainda esse ano, anunciaram nesta semana novas regras para a entrada de venezuelanos no país. Segundo o presidente Juan Manuel Santos, 2,1 mil militares serão enviados para patrulhar a fronteira e combater a imigração ilegal e o contrabando.
Além disso, o governo colombiano não expedirá novos cartões de imigração para venezuelanos. O documento foi criado para facilitar o trânsito de pessoas que vivem na fronteira e muitos venezuelanos contam com ele para vender bens em moeda forte do lado colombiano para fugir da inflação.